Topo

Oposição venezuelana pede que Forças Armadas protejam resultado das eleições

31/12/2015 23h14

Caracas, 31 dez (EFE).- O partido do ex-candidato à presidência da Venezuela, Henrique Capriles, pediu nesta quinta-feira que as Forças Armadas "defendam" os resultados eleitorais de 6 de dezembro, nos quais a oposição ganhou a maioria qualificada no parlamento, e cumpram com seu "dever" de proteger o Legislativo que se instalará em janeiro

O titular do partido de Capriles, Julio Borges, afirmou hoje em comunicado que o resultado das eleições legislativas de 6 de dezembro deixou uma maioria opositora de dois terços do parlamento unicameral, o que constitui "uma ordem clara e legal da qual os ramos do Poder Público, da cidadania e das Forças Armadas devem acatar e defender".

Borges, cuja mensagem foi reproduzida por Capriles em seu perfil no Twitter, alertou que os chamados "coletivos" ligados ao presidente Nicolás Maduro, "franca rebelião", "estão convocando" a tomada da Assembleia Nacional no dia 5 de janeiro, data marcada para a posse dos deputados eleitos.

Esses "coletivos", organizações populares de base, tentarão "impedir", segundo Borges, a instalação do Legislativo.

"O povo soberano está atento e segue cada passo que vocês dão", advertiu Borges em sua mensagem.

Além disso, Borges afirmou que a aliança de partidos de oposição ao governo Maduro conta com o "compromisso incorruptível" das Forças Armadas "institucionais, segundo o espírito da Constituição".

"Fazemos um chamado público para que (as Forças Armadas) cumpram, mais uma vez, seu indelével dever institucional como fiadores da Constituição, do povo soberano e da nação, de proteger o Poder Legislativo e seu devido funcionamento", diz o texto, no qual Borges lembrou que, no dia das eleições, os soldados "cumpriram totalmente com seu dever".

No entanto, o político opositor acrescentou que os resultados eleitorais "foram violentados por meio de atos inválidos e inconstitucionais" do Tribunal Superior de Justiça (TSJ), que ontem aceitou o pedido de impugnação da eleição de três deputados da oposição e os proibiu de tomarem posse.

O TSJ reduziu de 112 para 109 o número de deputados opositores após aceitar as impugnações governistas, mas a coalizão de partidos antichavistas declarou que não aceita essa decisão e disse que juramentará os 112.

A máxima instância judicial da Venezuela admitiu outros quatro recursos de impugnação, o que ameaça a maioria de dois terços do parlamento conseguida pela oposição.

"Reiteramos que, com a força da Constituição, com a força da Lei e a força do povo, os 112 deputados da Mesa da Unidade Democrática (MUD) tomarão posse no dia 5 de janeiro", afirmou a aliança de partidos opositores em comunicado emitido após a divulgação da decisão judicial.

O chavismo denunciou uma série de irregularidades eleitorais, entre elas uma suposta compra de votos e outros crimes, como a falsificação de identidades para votar no nome de pessoas já falecidas.

As denúncias do governo são similares às dos opositores em eleições anteriores, especialmente as presidenciais de 2013, quando Maduro superou Capriles, que denunciou uma fraude que não prosperou nas instâncias judiciais.