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Novas torres nos EUA são usadas para conter imigrantes ilegais e traficantes

Torre de monitoramento na fronteira de Nogales (Arizona) com o México - Flickr/U.S. Customs and Border Protection
Torre de monitoramento na fronteira de Nogales (Arizona) com o México Imagem: Flickr/U.S. Customs and Border Protection

Em Tucson

06/01/2016 20h00

A cidade de Nogales, no Estado do Arizona (EUA), pretende acabar com o fluxo de imigrantes ilegais e traficantes de drogas através de sete torres com radares alimentados com energia solar, que desde dezembro fazem parte de um ambicioso plano para controlar a fronteira com o México.

"Estas torres contam com radares que servem para identificar movimentos no terreno, nos ajudando a detectar qualquer atividade ilegal e a enviar agentes para investigar nos baseando no que a câmera conseguiu detectar", contou nesta quarta-feira (6) à Agência Efe Vicente Paco, porta-voz da Patrulha de Fronteira do Setor Tucson.

O CBP (Escritório de Alfândegas e Proteção de Fronteira) explicou que essas torres integram a primeira fase do Plano de Tecnologia de Vigilância de Fronteira do Arizona, que prevê a construção de 52 torres de vigilância na fronteira deste Estado com o México e que devem estar em funcionamento até 2020.

Cada uma das torres mede 24 metros de altura e são equipadas com sofisticada tecnologia, com câmeras e radares que transmitem as imagens em tempo real a um centro de operações da Patrulha de Fronteira em Nogales.

Um agente é o responsável por analisar as imagens, e caso detecte alguma atividade suspeita, deve alertar os oficiais.

"Os equipamentos são muito modernos, são mais eficazes, nos permitem ver em lugares onde antes não podíamos", afirmou Paco.

Explicou que baseados na informação e nas imagens recebidas, os agentes fronteiriços têm uma melhor "ideia" sobre a situação à qual estão respondendo, seja prender um grupo de imigrantes ilegais ou traficantes de drogas.

Por motivos de segurança nacional o porta-voz da agência federal disse não poder dar detalhes específicos sobre o alcance das câmeras e a área de cobertura.

"As câmeras estão rastreando constantemente a área por 24 horas. Qualquer movimento é identificado e pode ser focado em um lugar específico onde o radar emita algum sinal", explicou Paco.

O projeto, avaliado em US$ 145 milhões, foi encarregado à companhia israelense Elbit Systems of America, que instalou um "muro inteligente" na faixa de Gaza e nas Colinas do Golã, conforme explicou o Escritório de Alfândegas e Proteção de Fronteira em 2014.

Esta não é a primeira vez que o governo americano tenta estabelecer uma espécie de "muro virtual" na fronteira do Arizona.

Em 2005, o Departamento de Segurança Nacional (DHS, na sigla em inglês) investiu milhões de dólares na construção de nove torres de vigilância na área de Sasabe, também no Arizona, as quais nunca funcionaram corretamente.

O projeto esteve repleto de falhas técnicas, por isso acabou sendo descartado pelo governo.

Paco afirmou que as novas torres ofereceram "bons resultados" e permitiram a realização de várias detenções.

O uso de tecnologia de ponta somado à presença de mais agentes de fronteira faz parte da estratégia estabelecida pelos Estados Unidos para conter o cruzamento migratório ilegal.

O CBP informou que durante o ano fiscal de 2015, que terminou em 30 de setembro, ao longo da fronteira com o México foram detidos 337.117 imigrantes ilegais, um número menor em comparação com as 486.651 detenções registradas em 2014.