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Tráfico de marfim dizima população de elefantes em Moçambique e Tanzânia

18/01/2016 14h50

Genebra, 18 jan (EFE).- Moçambique e Tanzânia perderam a metade de sua população de elefantes nos últimos seis anos por causa do tráfico ilegal de marfim, por isso as Nações Unidas pediram que esses países tomem medidas sérias contra a caça ilegal.

Segundo explicou nesta segunda-feira à Agência Efe o porta-voz e analista de comércio do Fundo Mundial para a Natureza (WWF), Cumulam O'Criodain, estes dois países africanos estão sob o ponto de mira das Nações Unidas por não ter progredido em sua legislação nacional nos últimos dois anos.

O Comitê permanente do Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Selvagens de Fauna e Flora (CITES) se reuniu recentemente em Genebra para determinar os progressos na legislação dos países envolvidos com a caça e comércio de marfim.

O Moçambique é um dos países com maior caça de elefantes e rinocerontes, e apesar de ter modificado suas leis sobre os animais selvagens, "pela caça de algum destes exemplares as penas são apenas de uma pequena multa", disse O'Criodain.

Na Tanzânia, a situação é algo diferente, já que embora o país tenha modificado sua legislação, a ilha de Zanzibar -com leis independentes apesar de pertencer ao país- funciona como "buraco legal" no comércio de objetos e animais selvagens.

"A situação em Zanzibar não progrediu desde o último comitê em junho. A Tanzânia deveria controlar tudo aquilo que passa pela ilha, além de melhorar a presença no terreno", explicou O'Criodain.

Na África, a caça ilegal de elefantes CAIU pouco a pouco desde o ponto álgido que alcançou em 2011, mesmo assim, cerca de 30 mil paquidermes são assassinados a cada ano no continente pelos traficantes de marfim.

Os especialistas acreditam que este descenso está diretamente relacionado com a diminuição da população de elefantes em algumas partes da África, como é o caso da Tanzânia e Moçambique, onde pelo menos 500 elefantes foram abatidos nos últimos três anos.

Por outro lado, segundo dados do WWF, na Namíbia em 2015 foram caçados de forma ilegal 80 rinocerontes, enquanto na África do Sul, também em 2015, foram mortos mil exemplares de rinocerontes pelo terceiro ano consecutivo.

O comércio ilegal se estende até a Ásia, onde tanto as presas de elefantes como os chifres de rinocerontes são utilizados na medicina tradicional ou como elementos de luxo.

Vietnã e Tailândia são dois dos países onde o marfim custa caro e contam com os mercados mais importantes do sudeste asiático.

Ambos países realizaram progressos nos últimos anos, mesmo assim, desde CITES foi exigido uma maior envolvimento para reverter esta situação e evitar sanções.

Parte da problemática mora no fato de que as autoridades "ainda têm dificuldades para diferenciar entre o marfim de âmbito doméstico e o de origem ilegal", explicou O'Criodain.

Além disso, o controle do tráfico ilegal nestes países é difícil já que em muitas ocasiões os vendedores alegam que a mercadoria é falsa, como ocorre especificamente no caso dos chifres de rinoceronte.

"As leis destes países também deveriam penalizar o tráfico ilegal de chifres falsos, como ocorre na União Europeia (UE)", considerou O'Criodain.

Durante seu encontro, o CITES também propôs sanções no comércio para Angola, Laos e Nigéria, pela falta de colaboração e informação sobre a implementação de medidas contra o tráfico ilegal de marfim. EFE

emn/ff