Topo

Presidente de empresa venezuelana diz que não há matéria-prima para alimentos

Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Em Caracas

03/02/2016 16h34

O presidente da Polar, a maior companhia privada de alimentos da Venezuela, Lorenzo Mendoza, declarou nesta quarta-feira (3) que todas as empresas do setor alimentício atravessam uma situação crítica de abastecimento de matérias-primas, enquanto o governo beneficia a importação de produtos básicos.

"Todas as empresas de alimentos estão passando por uma situação crítica de abastecimento de matérias-primas, e digo isso porque efetivamente se segue privilegiando a importação de produtos", disse Mendoza durante uma entrevista à emissora "Unión Radio".

O presidente da Polar, que ontem apresentou um plano para sair da grave crise econômica e de escassez de produtos alimentícios que assola a Venezuela, esclareceu hoje que a empresa que dirige não recebe "nem um dólar" no marco do controle de câmbio vigente no país desde 2003.

"Em algumas áreas estamos com os processos de produção paralisados, o tempo já se esgotou (...) Não temos mais aveia, atum, a fábrica no estado de Sucre não está produzindo, ali estão afetadas mais de mil pessoas, trabalhadores que estão em suas casas, não há matéria-prima, isso é inconcebível", lamentou.

Mendoza ressaltou que, apesar de sua empresa ser apontada como a maior produtora de alimentos do país, a Polar não produz carne, frango, leite, café ou açúcar e que 52% da produção de farinha de milho, com a qual se preparam as populares arepas, está nas mãos do governo.

O empresário criticou que o governo venezuelano tenha privilegiado a importação de produtos terminados ao invés de dar as divisas aos que fornecem matéria-prima às empresas privadas nacionais.

Mendoza reiterou que o monopólio das divisas está nas mãos do governo há 13 anos quando se iniciou o controle de câmbio e que, ao longo desse período, a Polar não pôde adquirir dólares preferenciais necessários para poder manter os baixíssimos preços de seus produtos básicos.

"Os privados temos que produzir a perda, isso não é sustentável, é ridículo", criticou.

Ontem, Mendoza propôs que se reconheça a dívida do Estado venezuelano com os provedores internacionais de matéria-prima e que se inicie o processo de refinanciamento dessa dívida.

Sobre a Lei Orgânica de Preços Justos, que estipula o preço de venda dos produtos de primeira necessidade, disse que os valores devem ajustar-se "de modo que cubram os custos de produção e assegurem os lucros adequados".