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Jornalista chinês desaparecido na Tailândia reaparece sob custódia na China

Em Pequim

04/02/2016 09h43

O jornalista chinês Li Xin, que desapareceu há mais de duas semanas na Tailândia quando tentava fugir do país, reapareceu sob custódia na China e é alvo de uma investigação. O investigador Patrick Poon da AI (Anistia Internacional confirmou, nesta quinta-feira (4), à Agência Efe que Li está em "alguma parte da China", apesar de não saber onde.

Segundo explicou Poon, a polícia local de Chengguan na província central de Henan, de onde Li é original, pediu na quarta-feira à sua mulher, Eis Fangmei, que fosse à delegacia para receber uma chamada de Li.

Aparentemente, nessa conversa, Li explicou que tinha ido "voluntariamente" à China e que estava sob investigação.

Sua situação lembra a de outros cidadãos chineses que também desapareceram na Tailândia e outros países, quando viajavam ou estavam em busca de asilo político, e que reapareceram na China sob custódia e sem que as autoridades --de um ou outro país-- dessem explicação alguma.

Li, editor de um jornal da província sulina de Cantão, fugiu primeiro à Índia quando não aguentou mais a pressão que as autoridades exerciam sobre ele, que o obrigaram a espionar gente e a conseguir informação.

O jornalista e, em algumas ocasiões, ativista, conseguiu depois chegar à Tailândia em sua tentativa de conseguir asilo e desapareceu na fronteira com o Laos, segundo explicou à Agência Efe o ex-líder estudantil dos protestos de Praça da Paz Celestial de 1989 Zhou Fengsuo, por e-mail.

Li entrou em contato com Zhou para que o ajudasse a se exilar, como fez com outros dissidentes e pessoas mal vistas pelo regime.

Uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hua Chunying, rejeitou na semana passada conhecer o caso quando foi perguntado em entrevista coletiva pelo desaparecimento do jornalista e pelos temores de amigos e próximos de que tivesse sido "sequestrado pelas autoridades chinesas".

A aparente colaboração da Tailândia com a China nestes e outros casos mostra que a perseguição do governo chinês cruzou fronteiras, o que preocupa gravemente organizações em defesa dos direitos humanos.