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Martelly deixa presidência do Haiti e pede unidade para superar dificuldades

O presidente do Haiti, Michel Martelly, em homenagem às vítimas de uma série de ataques terroristas ocorridos em Paris, em 2015 - Hector Retamal - 16.nov.2015/AFP
O presidente do Haiti, Michel Martelly, em homenagem às vítimas de uma série de ataques terroristas ocorridos em Paris, em 2015 Imagem: Hector Retamal - 16.nov.2015/AFP

De Porto Príncipe

07/02/2016 17h54

O presidente do Haiti, Michel Martelly, se despediu neste domingo de seus compatriotas, após a conclusão de seu mandato à frente do país, e pediu unidade para superar as dificuldades que a nação enfrenta, imersa em uma crise eleitoral que impediu a escolha nas urnas de um novo chefe de Estado.

"Hoje é um dia difícil, mas temos que nos unir para enfrentar as dificuldades. Somos um povo valente, um povo que tem honra e uma história importante para o mundo", disse o saliente presidente em seu último comparecimento perante o Congresso Nacional (bicameral), que deverá nomear agora um governo provisório.

Em sua mensagem, Martelly convidou os haitianos a deixarem de lado o caminho da violência "porque a violência não ajuda em nada".

O governante saliente agradeceu aos haitianos por ter dado a oportunidade de dirigi-los desde 14 de maio de 2011.

"É um trabalho muito difícil, servi com honra e estou contente por meu trabalho", dizendo que o trabalho para mudar a nação "não é fácil", mas tem que continuar "com determinação por um melhor futuro".

"Em meus cincos anos, fiz de tudo para ajudar meus país a se desenvolver e entrar na modernidade", garantiu.

"Desde o terremoto (de janeiro de 2010) queria servir meu país, cinco anos depois estou pronto para comparecer perante o tribunal da história", ressaltou.

"Temos que lutar contra a demagogia e o espírito de violência", indicou, ao mesmo tempo que afirmou que não deixará o país.

O Executivo e o parlamento do Haiti acordaram ontem constituir um governo provisório para evitar um vazio de poder ao término, neste domingo, do mandato de Martelly sem que tenha sido eleito seu sucessor devido a uma crise eleitoral.

O acordo estabelece um governo de transição de um mandato de 120 dias que deverá organizar eleições em 24 de abril próximo.

O presidente que sair vencedor desse pleito deverá jurar o cargo em 14 de maio, segundo alguns dos detalhes divulgados do acordo.

O pacto político inclui que o Congresso Nacional elegerá um novo presidente "nos próximos dias".

No marco do acordo para encontrar uma saída à crise eleitoral, personalidades políticas podem ir perante a Assembleia Nacional para apresentar sua candidatura.

A oposição, no entanto, rejeitou o pacto ao alegar que este não recolhe suas reivindicações, entre elas que antes da realização de um novo pleito, seja formada uma comissão que investigue as irregularidades cometidas no primeiro turno do pleito presidencial de 25 de outubro e que detonou a atual crise.

O Haiti tinha previsto realizar em 24 de janeiro o segundo turno das eleições presidenciais, que foram adiadas dois dias antes pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP) perante a situação de violência vivida no país e que deixou pelo menos quatro mortos.

No primeiro turno das presidenciais, realizado em 25 de outubro passado, os candidatos que obtiveram mais votos foram o do governista Partido Haitiano Tet Kale (PHTK), Jovenel Moise, e o do opositor Liga Alternativa pelo Progresso e Emancipação Haitiana (Lapeh), Jude Celestin.

Este último rejeitou participar do segundo turno alegando "graves irregularidades" no processo.