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Corpos mumificados, pênis e outros estranhos objetos de culto na Tailândia

31.jan.2016 - Tailandeses participam de ritual místico pelas Bonecas Crianças Angelicais, em Nakhon Pathom. Os devotos acreditam que espíritos de crianças habitam o corpo das bonecas e que os objetos trazem boa sorte - Rungroj Yongrite/EPA/EFE
31.jan.2016 - Tailandeses participam de ritual místico pelas Bonecas Crianças Angelicais, em Nakhon Pathom. Os devotos acreditam que espíritos de crianças habitam o corpo das bonecas e que os objetos trazem boa sorte Imagem: Rungroj Yongrite/EPA/EFE

Gaspar Ruiz-Canela

Em Bancoc (Tailândia)

08/02/2016 06h01

Corpos de crianças mumificados, bonecas eróticas e esculturas fálicas são alguns dos ídolos venerados pelos mais supersticiosos na Tailândia para atrair boa sorte.

No começo do último mês de janeiro, um tailandês estava pescando em rochas quando uma boneca de silicone usada para fins eróticos enganchou em seu anzol na província de Nakhon Si Thammarat, no sul país.

O pescador pensou em devolvê-la ao mar, mas adormeceu e teve um sonho no qual a boneca lhe implorou: "Não me deixe na rocha. Por favor, leve-me com você. Tenho boas intenções. Posso ajudar os que sofrem", disse ele ao jornal local "Daily News".

Somchok Kulpakdi, um amigo do homem que pescou a boneca, levou o amuleto a um templo, o que atraiu vários moradores para venerá-la, até que os monges pediram que fosse levada embora, porque não a consideravam adequada para um local religioso.

No entanto, os clérigos de outro templo, chamado Thao Tho, decidiram acolher a boneca, de cerca de 30 centímetros, dentro de uma urna de vidro diante da qual os moradores comparecem para rezar e pedir favores.

Não é o primeiro nem o último objeto estranho de culto na Tailândia.

No templo Mahabut de Bangcoc há uma criança mumificada em uma urna de vidro, perante a qual os tailandeses supersticiosos pedem saúde, amor e dinheiro, os três pilares universais da fortuna.

Com o rosto infantil e tom dourado, se encontra semienterrada em notas de 20 bat (pouco mais de R$ 2) e rodeada por várias oferendas, como bichos de pelúcias, casas e carros de brinquedo.

"Às vezes sonho com a criança. Há muito acredita-se que, se fizermos boas ações com as crianças, já mortas ou espíritos, recebemos sorte", afirmou a tailandesa Wan à agência Efe após rezar e deixar um pequeno donativo diante da urna.

"Algumas vezes meu namorado teve sorte e conseguiu dinheiro. Eu ganhei na loteria. A minha irmã ganhou na loteria muitas vezes", assegurou a devota, de 31 anos, que atribui essa sorte aos poderes da criança mumificada.

Um monge do templo, que não quis revelar seu nome, explicou que o corpo mumificado era do filho de um policial que, após morrer há vários anos, não se decompôs.

"A verdade é que o trouxeram aqui para organizar um funeral, mas como o corpo ficou sem se descompor, as pessoas pediram ao templo que o conservássemos", afirmou à Efe o religioso.

Desde então, o corpo virou um dos ídolos mais venerados no templo, tal como ocorre em outros lugares da Tailândia onde fetos ou corpos infantis são adorados por suas supostas propriedades mágicas.

Mais de 90% dos tailandeses praticam o budismo, que em muitos casos está misturado com crenças animistas, hindus e do folclore religioso chinês.

É habitual que nos templos tailandeses, além de figuras de Buda, haja altares dedicados aos espíritos, deidades hindus como Ganesha e Brahma ou de origem chinês, como Guan Yin.

Para os mais românticos, na parte traseira do hotel Swissôtel Nai Lert Park de Bangcoc está o conhecido "altar dos pênis", diante do qual os casais pedem um filho.

Rodeado por pênis e esculturas fálicas de todos os tamanhos, o altar se encontra em um aprazível cantinho sob árvores e junto a um canal no centro da capital tailandesa.

Segundo a tradição, os casais que depositam uma figura com forma de genital masculino como oferenda perante Mae Tuptim ("Espírito do Granado") serão agraciados com um filho.

Diariamente, funcionários do hotel limpam o altar, onde estão depositados mais de 20 pênis, com os tamanhos mais variados, de poucos centímetros a mais de um metro.

Como todos os crentes, os funcionários não se esquecem de realizar uma reverência com as mãos juntas antes de partirem.