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Presidente do Senado haitiano assume governo de forma interina

14/02/2016 08h36

Porto Príncipe, 14 fev (EFE).- O presidente do Senado haitiano, Jocelerme Privert, foi eleito neste domingo pela Assembleia Nacional (parlamento) como chefe do Estado de forma interina.

Após uma longa sessão de mais de dez horas e uma dupla votação, Privert, de 63 anos, foi escolhido pela maioria dos legisladores da Assembleia Nacional para assumir a liderança do governo provisório até 14 de maio, dez dias depois do segundo turno das eleições presidenciais.

Está previsto que Privert seja hoje mesmo investido como o 57° presidente do país.

Seu principal rival nesta tensa jornada, o ex-senador Edgard Leblanc Fils, do opositor Organização do Povo em Luta (OPL), tinha alcançado a vitória em uma primeira votação realizada na câmara Baixa, mas Privert obteve o triunfo no Senado, motivo pelo qual foi preciso repetir as votações.

O terceiro candidato, o independente Dejean Belizaire, não conseguiu nem um voto em nenhuma da câmaras, embora na segunda votação tenha conseguido dois.

Privert teve 13 apoios dos 23 no Senado frente aos 10 de Leblanc, enquanto na câmara Baixa conseguiu 45 dos 92, frente aos 46 do ex-senador. Houve além disso um voto em branco.

Na segunda rodada de votações, o novo presidente ganhou de 13 a 9 no Senado, de 22 pessoas que depositaram sua cédula na urna, e por 64 a 24 na Câmara dos Deputados.

A Chefia do Estado do Haiti ficou vaga há uma semana quando Michel Martelly deixou o cargo após cumprir seu mandato e sem ter substituto, já que não houve realização do segundo turno presidencial que devia ter ocorrido em 25 de janeiro, pois foi anulado pelas denúncias da oposição.

Perante essa situação, Martelly acordou com Privert e com o presidente da Câmara dos Deputados, Cholzer Chancy, os mecanismos para o estabelecimento de um governo transitório.

Esse acordo contemplou que fosse eleito no sábado um presidente interino para dirigir as eleições previstas para 24 de abril e entregar o governo a um líder legítimo em 14 de maio próximo

É a primeira vez em 70 anos que o parlamento haitiano vota para escolher um presidente do país, pois nunca antes tinha ocorrido um vazio de poder como na última semana.

Em suas palavras para defender sua candidatura ++Privert++ disse que sua máxima durante os quase 100 dias que estará à frente do Haiti será "buscar o consenso".

Apelou a sua experiência de 35 anos como servidor público para poder dirigir com tino o país e prometeu respeitar todos os pontos do "acordo de transição" ao que chegou com Martelly.

Ao término da segunda votação, mediante cédulas em urnas, o presidente da câmara Baixa fez oficial a decisão e declarou Privert presidente provisório.

A situação do Haiti causou preocupação na comunidade internacional, que enviou várias missões para contribuir para solucionar a crise política que ameaça seriamente as frágeis instituições da nação caribenha.

Uma preocupação acompanhada por atos violentos praticamente diários e manifestações da oposição.

O Haiti tinha previsto realizar em 24 de janeiro o segundo turno das eleições presidenciais, mas foram adiados dois dias antes pelo Conselho Eleitoral Provisório devido à deterioração da segurança e às ameaças de morte contra quase todos os membros desse organismo que só funciona com dois membros.

O primeiro turno tinha sido realizado em 25 de outubro de 2015, quando resultaram como os candidatos mais votados o governista Jovenel Moise e o opositor Jude Celestin, que rejeitou esses resultados por considerá-los fraudulentos.

Celestin anunciou que não participaria do segundo turno, previsto para 27 de dezembro, o que contribuiu para que o CEP tomasse a decisão, também naquela ocasião, de suspender o pleito.