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Em meio a eleições tumultuadas, governo de Uganda bloqueia redes sociais

Policial luta para retirar materiais de votação cercado por manifestantes que esperaram mais de sete horas e não conseguiram votar em Campala - Ben Curtis/AP
Policial luta para retirar materiais de votação cercado por manifestantes que esperaram mais de sete horas e não conseguiram votar em Campala Imagem: Ben Curtis/AP

Em Kampala

18/02/2016 11h39

O governo de Uganda bloqueou o acesso às redes sociais através de dispositivos móveis durante as eleições desta quinta-feira, na qual poderia terminar a hegemonia do atual presidente, Yoweri Museveni, após 30 anos no poder.

Assim confirmou a própria Comissão de Comunicação de Uganda, que alegou razões de segurança nacional para justificar o corte, enquanto acontecem alguns protestos por irregularidades e atrasos na abertura dos colégios eleitorais, segundo a imprensa local.

A Anistia Internacional (AI) denunciou em comunicado que o governo de Museveni poderia estar cometendo uma "flagrante violação dos direitos fundamentais dos ugandenses à liberdade de expressão e à informação".

Segundo a diretora regional adjunta da AI para a África Oriental, Sarah Jackson, o bloqueio das redes sociais representa "um ato de censura" perante a falta de ameaças reais para a segurança.

Para driblar as restrições de acesso às páginas de Facebook, Twitter e Whatsapp, alguns ugandenses estão utilizando redes privadas virtuais (VPN), serviços pagos para se conectar a servidores de outros países e assim poder ter acesso a páginas não permitidas.

Graças a estes serviços de sinal encriptado, a hashtag #UgandaDecide se estendeu em redes como Twitter para denunciar atrasos da distribuição do material eleitoral ou irregularidades nos centros de votação.

Assim, eleitores que em Campala, Wakiso, Mukono e Entebbe foram votar às 6h (horário local, 3h de Brasília) tiveram que esperar durante mais de cinco horas para chegar o material eleitoral, enquanto em outras regiões os eleitores atearam fogo em urnas que foram entregues sem cédulas.

Algumas companhias estão oferecendo serviços que permitem modificar o endereço do número de protocolo de internet (IP) de forma gratuita em Uganda para que os eleitores possam continuar utilizando as redes sociais no pleito mais disputado da última década.

Graças a estas redes virtuais, um usuário pode aparecer como se estivesse nos EUA quando realmente está em Uganda, explicou a empresa em comunicado.

As pesquisas dão uma vitória bastante apertada do atual presidente e a divisão entre os partidos opositores está a seu favor, embora seja muito possível que Museveni e o Movimento de Resistência Nacional (NRM) percam deputados no Parlamento.