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Parte do governo britânico se distancia de Cameron e apoia saída da UE

Eric Vidal/Reuters
Imagem: Eric Vidal/Reuters

Em Londres

20/02/2016 13h35

Cinco membros do gabinete de governo do primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, se distanciaram neste sábado (20) da postura oficial do Executivo e anteciparam que farão campanha pela saída da União Europeia (UE).

Pouco depois de Cameron anunciar que no dia 23 de junho será realizado o referendo sobre a UE, o titular britânico de Justiça, Michael Gove, afirmou em comunicado que abandonar o bloco comunitário assegura ao país um "futuro melhor".

O ministro de Trabalho e Previdência, Iain Duncan Smith; a responsável para a Irlanda do Norte, Theresa Villiers; o titular de Cultura, Imprensa e Esportes, John Wittingdale, e o líder da Câmara dos Comuns, Chris Grayling, também comunicaram que discordam da linha oficial do governo, que respalda a permanência na UE.

Gove, amigo pessoal de Cameron, admitiu que comunicar sua postura foi "a decisão mais difícil" de sua "vida política".

"Esta oportunidade não chegará duas vezes em nossas vidas. Por esse motivo, me manterei fiel a meus princípios e aproveitarei a oportunidade dada por este referendo para abandonar uma UE imersa no passado", ressaltou.

Ontem à noite, perante os rumores de que Gove daria esse passo após a reunião do gabinete em Londres, Cameron se mostrou "decepcionado", mas "não surpreendido".

"Michael é um de meus mais antigos e melhores amigos, mas quis tirar o Reino Unido da União Europeia durante os últimos 30 anos", disse o primeiro-ministro.

Outros importantes integrantes do Partido Conservador se posicionaram no lado eurocético perante a consulta de junho, entre eles as secretárias de Estado de Emprego, Priti Patel, e de Energia, Andrea Leadsom.

Por outro lado, alguns dos ministros mais relevantes do Executivo que no passado se mostraram críticos com a União Europeia se alinharam com Cameron.

A titular de Interior, Theresa May, que tinha antecipado que estava disposta a apoiar a saída da UE se as reformas pactuadas com Bruxelas não fossem apropriadas, anunciou hoje que respaldará a permanência no bloco comunitário.

Também defenderão a linha oficial do governo o ministro da Economia, George Osborne; o de Negócios, Sajid Javid; o de Saúde, Jeremyh Hunt, e o de Transporte, Patrick McLoughlin, entre outros.

Em discurso depois de se reunir com seu gabinete, Cameron confirmou que, a partir de hoje, seus ministros "terão liberdade para fazer campanha de seu ponto de vista pessoal".

"Mesmo assim, minha responsabilidade como primeiro-ministro é falar claro sobre o que acho que é melhor para nosso país", destacou o chefe do governo, para quem o Reino Unido será "mais seguro, mais forte e melhor" dentro da UE.