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Hillary diz que só revelará discursos pagos se outros candidatos fizerem o mesmo

Hillary e o marido, o ex-presidente Bill Clinton, festejam a vitória no caucus democrata de Nevada - Mike Nelson/EFE/EPA
Hillary e o marido, o ex-presidente Bill Clinton, festejam a vitória no caucus democrata de Nevada Imagem: Mike Nelson/EFE/EPA

Em Washington

24/02/2016 01h52

A pré-candidata democrata para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, Hillary Clinton, respondeu nesta terça-feira a seu rival Bernie Sanders que só revelará os discursos pagos que fez para as organizações financeiras de Wall Street "se os demais candidatos fizerem o mesmo", incluídos os republicanos.

Em um encontro televisionado com eleitores em Columbia, na Carolina do Sul, Hillary se referiu ao polêmico assunto de seus discursos pagos por grandes organizações financeiras - alguns deles pelo banco de investimentos Goldman Sachs - e que se transformou em um dos principais empecilhos de sua campanha.

"Se todo mundo revelar seus discursos pagos, e isso inclui os republicanos, eu irei fazê-lo. Por que existe um padrão para mim e não para todos os demais?", se queixou Hillary diante da insistência por parte de Sanders, de seus simpatizantes e de parte da esquerda americana para que a pré-candidata revele o que disse nessas ocasiões.

"Não há nada que não se saiba. Eu fui a Wall Street antes da Grande Recessão. Parece que o argumento é que se você alguma vez recebeu dinheiro de alguma empresa, está vinculado a ela. Isso não é verdade", lamentou a ex-secretária de Estado dos EUA.

Sanders, que ao longo da campanha denunciou em múltiplas ocasiões o apoio a Hillary por parte de grandes doadores ao assegurar que estes doam com o objetivo de receber algo em troca, lembrou que ele nunca realizou um discurso em Wall Street, por isso não tem nada a declarar.

"Estou encantado de divulgar todos os meus discursos pagos em Wall Street. Estes são meus discursos: zero!", disse o senador, enquanto levantava as mãos vazias.

Hillary e Sanders se enfrentarão nas urnas no próximo sábado na Carolina do Sul, o quarto estado a votar no processo de primárias do Partido Democrata após Iowa, New Hampshire e Nevada, uma batalha em que as pesquisas apontam a ex-secretária de Estado como favorita, especialmente por seu apoio entre a comunidade negra.

"Quando começamos na Carolina do Sul, minha mensagem não ressoava entre ninguém. Meu apoio cresceu no estado e também cresceu entre a comunidade afro-americana", garantiu Sanders ao ser perguntado sobre os resultados apresentados pelas pesquisas.

A noite de hoje refletiu em várias ocasiões a tensão que se vive entre as campanhas de ambos os candidatos, como quando, após mostrar a Sanders um anúncio de Hillary no qual o senador era acusado de ser um "candidato de um único tema" (a desigualdade econômica), este assegurou que "a secretária Clinton está um pouco nervosa".

"Está nervosa porque as pessoas estão perguntando por que ela oferece discursos pagos com milhares de dólares a empresas de Wall Street", reforçou o senador por Vermont, autoproclamado socialista democrático.

O moderador também citou as análises de um grupo de economistas democratas que dizem que as propostas econômicas de Sanders são irrealizáveis, diante do que ele respondeu: "Deixe-me adivinhar, esses economistas foram organizados pela campanha de Hillary Clinton".

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AFP