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Quase 20 anos depois, um premiê canadense vai visitar os EUA

Obama e Trudeau se encontraram em Manila, nas Filipinas, em novembro de 2015 - Susan Walsh/AP - 19.nov.2015
Obama e Trudeau se encontraram em Manila, nas Filipinas, em novembro de 2015 Imagem: Susan Walsh/AP - 19.nov.2015

Julio César Rivas

Em Toronto

09/03/2016 15h29

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, inicia nesta quinta-feira (10), de forma oficial, a primeira visita de Estado de um chefe de governo de seu país aos Estados Unidos desde 1997, fruto do poder da chamada "Trudeaumania" que foi iniciada por seu pai e ex-premiê, Pierre Trudeau, há 40 anos.

Canadá e Estados Unidos parecem ser os dois aliados mais unidos do mundo, com um comércio bilateral diário superior a US$ 1 bilhão e a fronteira mais extensa não defendida militarmente.

Mas desde que o então primeiro-ministro canadense Jean Chrétien foi recebido por Bill Clinton na Casa Branca em 8 de abril de 1997, o presidente americano parece que não teve tempo, ou vontade, de abrir as portas de sua residência oficial a governantes canadenses.

O convite do presidente americano, Barack Obama, a Trudeau e sua mulher, Sophie Grégoire, ocorre cinco meses depois que o líder do Partido Liberal ganhou de forma inesperada as eleições gerais canadenses e é fruto do que a Casa Branca classificou como "a especial relação" entre Trudeau e Obama.

Após sete anos de difíceis relações com o anterior primeiro-ministro canadense, o conservador Stephen Harper, Obama encontrou um aliado em Trudeau em questões como mudança climática, que será um dos principais temas a serem tratados pelos dois governantes durante a visita.

Prova da "especial relação" entre Trudeau e Obama é que o presidente americano só ofereceu nove jantares de Estado em seus oito anos na Casa Branca. No mundo da diplomacia, esta é uma das maiores honras que se pode oferecer ao líder de outro país. E, no caso dos Estados Unidos, o ocupante da Casa Branca os realiza como uma poderosa mensagem para fortalecer as relações entre países.

Esta não é a primeira vez que um Trudeau foi convidado pelo presidente dos Estados Unidos.

Primeiro em 1969 e posteriormente em 1977, os presidentes Richard Nixon e Jimmy Carter ofereceram jantares de Estado ao pai do atual primeiro-ministro, Pierre Trudeau, cujo carisma e popularidade deram origem à "Trudeaumania".

Durante sua visita de Estado, está previsto que Justin e Obama anunciem um plano para combater a mudança climática na América do Norte, com especial atenção à situação no Ártico, que está sofrendo com maior gravidade o paulatino aumento das temperaturas.

Os dois governantes também debaterão a assinatura de um novo acordo de fronteira que permita agilizar o fluxo de mercadorias entre os dois países e melhorar, ao mesmo tempo, a segurança.

Por fim, Trudeau, que viaja a Washington acompanhado por cinco ministros (Relações Exteriores, Comércio Internacional, Meio Ambiente, Defesa e Pesca) quer um novo acordo com Washington para as exportações de madeira aos EUA, já que o último expirou em outubro.

Mas, além dos temas pontuais que estão na agenda desta visita, o Canadá está interessado em um novo início das relações com seu principal aliado após quase 20 anos de tensões e distanciamento que se iniciaram com a primeira presidência de George W. Bush.

Hoje, um dos colunistas mais respeitados do país, Tim Harper, afirmou no jornal de maior tiragem do Canadá, "The Toronto Star", que "o Canadá volta ao sol, sai da escuridão em Washington".

Já o tabloide conservador "Toronto Sun" reconheceu que a fama de Trudeau, a chamada "Trudeaumania" que transformou o governante canadense em uma celebridade na imprensa estrangeira, pode ajudar o Canadá a recuperar "o prestígio internacional" perdido durante a era de Harper.