Topo

Aliyev clama vitória nos combates com a Armênia em Nagorno Karabakh

03/04/2016 11h52

Baku, 3 abr (EFE).- O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, clamou neste domingo vitória nos combates armados contra a Armênia na fronteira do enclave de Nagorno Karabakh, os mais graves desde a entrada em vigor do cessar-fogo em 1994.

Aliyev qualificou de "grande vitória" as ações militares de seu Exército, que teria respondido às "provocações" da Armênia, que iniciou as hostilidades ao atacar áreas povoadas em território azerbaijano na madrugada do sábado.

Segundo o Ministério da Defesa azerbaijano, uma centena de soldados armênios morreram nos intensos combates que explodiram no sábado, embora Yerevan unicamente tenha reconhecido 18 baixas em suas fileiras.

"Se os soldados armênios não querem morrer,então que saiam do solo azerbaijano. Nós não capturamos território alheio", disse, em alusão a Karabakh e também a uma faixa de segurança em território azerbaijano controlada por forças armênias desde o fim da guerra (1992-94).

E lembrou que os armênios destruíram todo o legado cultural e histórico azerbaijano, incluído monumentos, mesquitas, museus e cemitérios.

"A Armênia não deseja a paz. A Armênia não quer libertar os territórios ocupados. E dedica todos seus esforços a manter o status quo", disse em entrevista à televisão pública.

Aliyev lembrou que "as negociações já se prolongam durante mais de 20 anos e durante esse tempo no momento decisivo, a Armênia sempre recorreu às provocações".

"Mais uma vez atacaram nossas posições, mataram nossos soldados e oficiais. Como resultado, o Exército do Azerbaijão contra-atacou e agora vão chorando por todo o mundo dizendo que o Azerbaijão violou o cessar-fogo. Nós não violamos. Simplesmente respondemos dignamente a uma provocação", disse.

O presidente lembrou que em 2014, quando as negociações de paz realizadas em Paris pareciam aplanar o caminho para a regulação do conflito, duas semanas depois a Armênia realizou manobras militares em Nagorno Karabakh.

"Em muitas ocasiões dissemos que o Azerbaijão não quer a guerra (...) desejamos uma regulação pacífica do conflito. Mas depois disto, não estamos dispostos a participar de conversas só por conversar. Não queremos que as mães de azerbaijanos e armênios derramem lágrimas por seus filhos, mas exigimos nossos direitos", disse.

O Azerbaijão anunciou hoje a cessação unilateral das ações militares no Karabakh, onde as unidades militares azerbaijanas retomaram ontem vários pontos estratégicos.

Contudo, advertiu que "se o Exército armênio não renunciar às provocações e continuar atacando áreas povoadas e posições militares, as Forças Armadas do Azerbaijão prosseguirão sua ofensiva com o uso de todo o armamento a sua disposição"

Em resposta ao anúncio azerbaijano, a autoproclamada república de Nagorno Karabakh garantiu hoje que "neste momento, os combates continuam", enquanto o Ministério da Defesa armênio tachou o anúncio de "emboscada informativa".

O presidente russo, Vladimir Putin, o secretário de Estado americano, John Kerry, além da União Europeia, Irã e a ONU, pediram a ambos os grupos que respeitem o cessar-fogo, cessem suas hostilidades e retornem à mesa de negociações.

O atual conflito explodiu quando a então região autônoma azerbaijana de Nagorno Karabakh, de população majoritariamente armênia, pediu em 1988 sua incorporação na República Soviética da Armênia, o que desembocou em repentinos surtos de violência étnica.