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Procurador investigará Macri por "omissão de dados" no caso Panama Papers

Victoria Egurza/Telam/Xinhua
Imagem: Victoria Egurza/Telam/Xinhua

Em Buenos Aires

07/04/2016 13h39

Um procurador argentino anunciou nesta quinta-feira (7) que vai investigar o presidente Mauricio Macri por uma possível "omissão de dados em sua declaração jurada" por causa de sua participação em uma offshore nas Bahamas e cuja existência foi conhecida graças aos chamados Panama Papers.

O procurador Federico Delgado declarou à rádio "Continental" que já há elementos para investigar Macri, depois que o deputado kirchnerista Norman Martínez apresentou uma denúncia contra ele. E confirmou que pediu ao juiz federal Sebastián Casanelo, através de uma sentença, a abertura de uma investigação.

"Temos de determinar se efetivamente o presidente Macri omitiu sua participação societária na declaração jurada à Administração Federal de Receita Pública (Afip, o fisco argentino) e ao Escritório Anticorrupção. Depois, determinar se essa omissão foi maliciosa", disse.

Delgado quer esclarecer qual o papel exercido por Macri nas empresas Kagemusha e Fleg Trading, ambas com sede em ilhas do Caribe, citadas nos documentos do escritório panamenho de advocacia e gestão de patrimônio Mossack Fonseca, vazados pelas imprensa internacional.

"Por outro lado, o senhor Martínez denuncia que é preciso investigar a vida dessas empresas, o desenvolvimento da área de negócios e determinar se há alguma manobra delitiva e, eventualmente se a houver, se o presidente, como sócio, teve participação", completou o procurador.

"São duas grandes investigações: a omissão de dados na declaração e se na atividade dessas empresas houve alguma irregularidade. E, depois, se o presidente participou dessa irregularidade", explicou.

No último domingo, após a divulgação dos Panama Papers, a presidência da Argentina divulgou um comunicado para afirmar que Macri não teve participação no capital da Fleg Trading (a primeira companhia citada pela imprensa), criada por seu pai, Franco Macri.

"Dita empresa, que tinha como objetivo participar de outras sociedades não financeiras como investidora ou holding no Brasil, esteve ligada ao grupo empresarial da família e por isso Macri foi designado ocasionalmente como diretor, sem participação acionária. E isso está na declaração de seu pai, Franco Macri", dizia o texto.

O próprio Franco Macri ressaltou um dia depois que o filho figurou na direção da companhia como "mera formalidade".

Na última terça-feira, o chefe de gabinete da presidência da Argentina, Marcos Peña, reiterou que Macri não tem contas nem ativos não declarados, e por isso "não tem nada a esconder".

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