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Evo Morales afirma que Bolívia é pacifista e não haverá guerra contra o Chile

11/05/2016 18h00

La Paz, 11 mai (EFE).- O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quarta-feira que seu país é pacifista e não haverá guerra contra o Chile, em mensagem em sua conta no Twitter em alusão a um comentário do político chileno e ex-secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Insulza.

"Somos um povo pacifista, respeitamos a vida. Não haverá guerra", escreveu Morales em sua conta @evoespueblo.

A frase responde a um comentário realizado na terça-feira por Insulza, que qualificou de "propaganda" as recentes denúncias bolivianas sobre a existência de uma nova base militar chilena perto da fronteira entre os países.

"Eu espero que ele não queira guerra, seria um erro de sua parte. Não acredito que seja isso, é mais propaganda", ressaltou Insulza.

O Chile negou a instalação de uma base militar perto da fronteira com a Bolívia e detalhou que o que há é um maior patrulhamento para enfrentar o contrabando e o narcotráfico procedentes de território boliviano.

O governo Morales criou hoje um conselho para defender seus recursos hídricos situados na fronteira com o Chile, incluindo as águas do sistema hídrico de Silala, objeto de controvérsia com o país vizinho.

A Bolívia sustenta que o Silala é uma área de mananciais cujas águas foram desviadas artificialmente em 1908 rumo ao território chileno, enquanto o governo do país austral defende que são águas de um rio internacional a cujo usufruto tem direito.

Na terça-feira, também no Twitter, Morales afirmou que "os que se preocupam por fronteiras armadas só pensam na guerra" e que "os povos no século XXI pensamos na paz e na integração".

Além disso, o ministro da Defesa boliviano, Reymi Ferreira, confirmou nesta quarta-feira, em entrevista à rádio estatal, que a chancelaria de seu país apresentou uma reivindicação formal ao Chile e pediu explicações pela instalação da base militar na fronteira.

Ferreira ratificou que os ministérios das Relações Exteriores e de Defesa apresentarão também uma nota perante a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), o que poderia abrir a possibilidade de uma reunião para analisar o tema e uma investigação do organismo.

Em relação à acusação do Chile de que Bolívia instalou uma base militar a um quilômetro e meio da fronteira, Ferreira sustentou que é "um sofisma" porque o exército boliviano tem um "posto militar antecipado" e não uma base como a dos soldados chilenos.

O ministro reiterou a percepção de seu governo de que a instalação de uma unidade militar chilena "é um ato de intimidação" contra a Bolívia motivado pelo anúncio de Morales de que seu país processará o Chile perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ) pelas águas do Silala.

Ambos países já estão enfrentados nesse tribunal pela centenária reivindicação boliviana de readquirir uma saída ao Pacífico, perdida em uma guerra no final do século XIX.