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Atual administradora do Pnud quer liderar a ONU de forma pragmática e efetiva

31/05/2016 17h45

Elena Moreno.

Redação Central, 31 mai (EFE)- A neozelandesa Helen Clark, atual administradora do Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud) e candidata a liderar as Nações Unidas, considera que chegou o momento de uma mulher dirigir o sistema multilateral e pretende fazer isso de forma pragmática e efetiva, vinculando as agendas de paz e segurança ao desenvolvimento.

"Tal como vejo, acredito que o secretário-geral da ONU tem que ser um líder pragmático e efetivo, muito centrado em conseguir resultados", disse Clark em entrevista à Agência Efe, na qual ressaltou que "após 70 anos de existência das Nações Unidas, chegou a hora de uma mulher estar no comando".

Aos 66 anos, Clark, administradora do Pnud desde abril de 2009 e a primeira mulher a dirigir esse organismo, está acostumada a ser "a primeira" em outras áreas políticas, já que foi a primeira mulher a dirigir seu país, a Nova Zelândia, por três mandatos consecutivos entre 1999 e 2008.

"Acredito que sim, que seria possível ser a nona secretária-geral com o apoio de muitos países. A ONU existe há 70 anos e nunca houve uma mulher que a liderasse, já chegou a hora que haja uma", afirmou.

Clark se postula para suceder o atual secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, que em dezembro termina seus dois mandatos de cinco anos à frente da organização, e para isso concorre até o momento com outras personalidades políticas como a diretora geral da Unesco, Irina Bukova; a atual chanceler argentina, Susana Malcorra, e as ex-ministras das Relações Exteriores da Moldávia, Natalia Gherman, e da Croácia, Vesna Pusic.

Entre os demais concorrentes estão o ex-primeiro-ministro português, António Guterres, o ex-ministro das Relações Exteriores sérvio, Vuk Jeremic, e o ex-presidente esloveno Danilo Turk, além do ex-ministro macedônio, Srgjan Kerim e o ex-primeiro-ministro de Monetenegro, Igor Luksic.

Os analistas não descartam que os países apresentem novos candidatos, embora este grupo já tenha passado pela primeira vez por uma espécie de primeira rodada de entrevista de trabalho perante a Assembleia Geral, com exceção de Malcorra e do último a apresentar-se, o atual ministro das Relações Exteriores eslovaco, Miroslav Lajcak, que farão isso na próxima semana.

Uma vez que os países tenham escutado os candidatos, será o Conselho de Segurança o órgão que analisará este assunto a portas fechadas, previsivelmente no próximo mês de julho.

Com este inovador método de seleção parece ter ficado superada a antiga norma não escrita que o cargo de secretário-geral da ONU devia ser revezado regionalmente e que nesta ocasião correspondia em teoria a um país do bloco do leste da Europa, embora haja países como a Rússia (um dos cinco com direito de veto) que não estão de todos convencidos de acabar com essa tradição.

"Nesta ocasião é um processo muito transparente", declarou Clark à Efe, lembrando que "os presidentes da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança disseram que todos os Estados-membros podiam indicar (seus candidatos), não só uma região".

A candidata acrescentou que "esta é uma competição aberta... Acho que alguém de um país pequeno como o meu pode ser eleito para esse posto. O que importa é quem pode ser a melhor pessoa para o posto".

Sobre quais serão as prioridades de seu mandato se for eleita para ocupar essa máxima posição internacional, Clark assegurou que "os temas de paz e segurança serão prioritários".

"Acredito que o maior desafio que temos pela frente é vincular as agendas de segurança e de desenvolvimento. Uma nova maneira de pensar se faz necessária", comentou a ex-primeira-ministra neozelandesa.

Segundo sua opinião, é "necessário que haja esse novo pensamento para ajudar a prevenir e resolver conflitos como o terrorismo que se expande através das fronteiras, as guerras civis, buscar as raízes (desses problemas), e complementar com segurança, com inteligência e com direitos humanos e ambientais".

A administradora do Pnud ressaltou que "procede de uma pequena democracia parlamentar ocidental que não tem Constituição e onde não há uma descrição do que tem que ser o trabalho do primeiro-ministro".

"Com o trabalho do secretário-geral da ONU acontece algo parecido", comentou Clark, que também lembrou que "durante nove anos liderei um governo que nunca esteve em maioria e sempre em minoria", assim como de um país e uma região com uma grande diversidade étnica e cultural.

"A força que posso apresentar à ONU como líder é essa e a de buscar soluções comuns para resolver situações", afirmou Clark, que se mostrou "convencida de que a ONU tem espaço para ser mais pró-ativa, mais eficaz e particularmente capaz de detectar os problemas de forma antecipada".