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Justiça argentina investiga morte de ex-policial que depôs no caso Nisman

O promotor Alberto Nisman - Marcos Brindicci/Reuters
O promotor Alberto Nisman Imagem: Marcos Brindicci/Reuters

Em Buenos Aires

20/09/2016 16h13

A Justiça da Argentina investiga a morte de um ex-policial após ser baleado durante um tiroteio e que tinha prestado depoimento na causa sobre a misteriosa morte do promotor Alberto Nisman, confirmaram nesta terça-feira (20) à Agência Efe fontes jurídicas.

O ex-sargento Héctor Osvaldo Goncálvez Pereyra, já retirado e de 50 anos, morreu dois dias depois do tiroteio, que aconteceu no último dia 8 de setembro, mas nesse momento não se sabia de sua vinculação com o caso Nisman.

O promotor Nisman apareceu morto em janeiro de 2015 em sua casa de Buenos Aires, quatro dias após denunciar a então presidente, Cristina Kirchner (2007-2015), por suposto acobertamento de terroristas.

Goncálvez Pereyra participava de um esquema de segurança preparado por uma agência privada para evitar o roubo de um caminhão que transportava roupa na cidade de Luján, na província de Buenos Aires, no qual recebeu vários disparos e morreu em 10 de setembro.

Apesar de se considerar que se tratou de um "roubo ordinário", sem nenhum nexo com a investigação da morte de Nisman, a juíza de instrução Fabiana Palmaghini, encarregada do expediente da morte do promotor, pediu uma cópia das atuações realizadas pelo juizado que estuda os incidentes de Luján, informaram à Efe fontes do Ministério Público.

A intenção é esclarecer os fatos e avaliar se "teriam algum tipo de conexão" com a causa que está sob a responsabilidade da juíza Palmaghini.

Goncálvez Pereyra tinha prestado depoimento perante a procuradoria no caso Nisman porque de um telefone em seu nome supostamente foram realizadas ligações ao número de Luis Miño, um dos responsáveis pela segurança da casa de Nisman quando o promotor apareceu morto em circunstâncias ainda não esclarecidas.

Em seu depoimento, Goncálvez Pereyra disse "que tinha uma frota de (telefones) Nextel em seu nome e foi a um telefone celular dessa frota que Miño se conecta quando Nisman já está morto", afirmaram à Efe fontes do caso.

"O que se determinou é que tanto Miño e seu irmão também trabalhavam em segurança fazendo (trabalhos) adicionais para o grupo Exxel, onde também trabalhava Goncálvez Pereyra", acrescentaram.

Miño, que junto ao outro segurança Armando Niz foi acusado por "descumprimento dos deveres de funcionário público", já prestou depoimento e também foi citado como investigado, mas nesse momento apresentou um documento e não fez referência ao assunto das ligações.

Nisman, que estava à frente da investigação do atentado contra a sede da associação judaica Amia, que deixou 85 mortos em 1994, tinha denunciado Cristina e outros funcionários por acobertamento dos suspeitos iranianos do ataque, em troca supostamente de impulsionar a troca comercial de grãos da Argentina por petróleo do Irã.

Essa denúncia já foi arquivada e, em todo este tempo, a investigação judicial segue estagnada e ainda não determinou se o promotor se suicidou ou se, como sustenta sua família, foi assassinado.