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Presidente do Peru diz que fumar maconha "não é o fim do mundo"

26/09/2016 07h40

Lima, 26 set (EFE).- O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, considerou que fumar maconha "não é o fim do mundo", porque graves são as drogas pesadas, mas manifestou cautela e reservas perante uma eventual legalização no Peru, já que acredita que geraria outros problemas.

"Eu sou uma pessoa liberal. Querem fumar baseado, e sei que não gostam que isso seja dito, mas não é o fim do mundo. A droga pesada sim é algo bem grave", disse Kuczynski em entrevista ao "Canal N" de televisão desde Cartagena das Indias (Colômbia).

O líder peruano advertiu que, no entanto, "os países onde há droga livre têm gravíssimos problemas porque liberar a droga assim não é algo tão simples, e o Peru de nenhuma maneira vai poder fazer isso".

Kuczynski, que hoje assistirá à assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), afirmou que o negócio da droga vai mudar e disse acreditar que as drogas sintéticas e químicas vão substituir o consumo de outras drogas tradicionais como a cocaína.

"O povo que desde o princípio dizia que é preciso controlar a demanda sempre teve a razão. O opositor da droga não é a erradicação química como ocorreu na Colômbia, mas se transformar em um mal negócio para os camponeses de folha de coca", sustentou Kuczynski.

O governante explicou que essa maior demanda de drogas sintéticas provocou no Peru uma queda do preço do saco de folha de coca, cujos produtores cobram agora entre 40 ou 50 sóis (entre US$ 12 e 15) quando há três anos recebiam 100 sóis (US$ 30 dólares).

Kuczynski desejou que as Farc abandonem nos próximos meses o negócio da droga e garantiu que os serviços de inteligência do Peru estão atentos para evitar que uma das consequências seja um aumento do cultivo de coca no território peruano, especialmente na acia do rio Putumayo, que faz fronteira entre ambos países.

O presidente peruano argumentou que seu governo apoia o processo de paz na Colômbia porque "é uma boa causa" que permitirá concluir "uma guerra que durou 52 anos, se estendeu por todo o país e freia as possibilidades da Colômbia, parceiro estratégico do Peru na América Latina através da Aliança do Pacífico".

"Respaldamos que as Farc digam que já não farão luta armada e que vão ser parte da sociedade. Também respaldamos a ideia do governo de que em troca disso sejam dados certos privilégios que de outra maneira não teriam", disse.

O governo colombiano e as Farc alcançaram um acordo de paz em 24 de agosto em Cuba, sede das conversas, mas está condicionado a sua aprovação por consulta popular em um plebiscito que será realizado em 2 de outubro.