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Colombianos contam as horas para aprovar (ou reprovar) acordo de paz com Farc

Guillermo Legaria/AFP
Imagem: Guillermo Legaria/AFP

01/10/2016 17h25

Bogotá, 1 out (EFE).- Cerca de 35 milhões de colombianos estão convocados às urnas neste domingo (2) para o referendo sobre o acordo de paz assinado com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), uma votação transcendental para o futuro do país e na qual está de olho a comunidade internacional, que foi um suporte dos diálogos.

No total, 34.899.945 cidadãos poderão votar no país e no exterior, onde Nova Zelândia e Austrália, pela diferença de 17 horas à frente da Colômbia, serão os primeiros onde haverá votação, segundo informou neste sábado o Ministério das Relações Exteriores.

"Você apoia o acordo final para o término do conflito e a construção de uma paz estável e duradoura?" é a pergunta que os colombianos terão de responder marcando "sim" ou "não".

O acordo foi assinado na segunda-feira passada em Cartagena das Índias pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder máximo das Farc, Rodrigo Londoño.

Partidários do "sim" e do "não" fizeram neste sábado alguns atos finais, mas em geral as campanhas não despertaram nas pessoas o interesse que deveriam, levando em conta o que está em jogo.

Os defensores do "sim" ao acordo, que são todos os partidos –menos o direitista Centro Democrático–, sindicatos, organizações sociais e associações de vítimas, entre outros, argumentam que esta é uma oportunidade única para que o país encerre 52 anos de conflito armado com as Farc.

Os que promovem o "não", liderados pelo ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010) e seu partido, alegam que um triunfo dessa opção forçará a reabertura da negociação já fechada para introduzir mudanças no acordo assinado.

Pela importância deste referendo chegaram ao país várias missões de observação da OEA (Organização dos Estados Americanos), do Parlamento Europeu, da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) e da Uniore (União Interamericana de Organismos Eleitorais), entre outras, várias de cujos representantes se reuniram neste sábado com o presidente Santos.

"Os senhores vão dar o selo de legitimidade a este processo. Por isso é tão importante que tenham plena consciência que seu trabalho possa se desenvolver com toda liberdade", disse Santos no ato de instalação da Missão de Observação Eleitoral, da qual fazem parte 200 delegados de 25 países.

Da missão fazem parte o ex-presidente da Guatemala, Álvaro Colóm (2008-2012), e os vencedores do prêmio Nobel de Paz, Rigoberta Menchú e Adolfo Pérez Esquivel, da mesma forma que Enrique Iglesias, que lidera a delegação da Missão Eleitoral da Unasul.

"Acredito que o país está próximo de um grande ato onde se vai resolver exatamente sua posição frente a este tema tão importante para os colombianos, mas também para a América", declarou à agência de notícias Efe Iglesias, que já foi titular da Secretaria Geral Ibero-Americana.

O diplomata assegurou que a missão da Unasul vem "expressar solidariedade para que seja o povo colombiano o que decida e inicie mecanismos que permitam terminar com tanto sofrimento e meio século de dor no país".

No ato de hoje, Santos também fez um pedido para que, uma vez que os resultados estejam apurados, os resultados sejam aceitos, e destacou que se outorgaram "todas as garantias" para os que apoiam o "sim" e os que querem votar pelo "não".

As pesquisas divulgadas nas últimas semanas indicavam uma vitória do "sim", com intenções de voto de entre 54% e 52%, enquanto o apoio ao "não" oscilava entre 34% e 38%.

As autoridades salientaram que a votação de amanhã será a mais tranquila da Colômbia não só porque as Farc já assinaram a paz, mas também porque a segunda maior guerrilha do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), anunciou uma cessação de ações ofensivas durante estes dias para não prejudicar o referendo.

"Estas serão as eleições mais tranquilas da história", garantiu o ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, apesar de o Ministério da Defesa ter à disposição 300 mil membros das forças armadas e da Polícia para a segurança da jornada em todo o país.

O comandante das forças militares, general Juan Pablo Rodríguez, disse hoje que tudo está pronto em matéria de segurança para o referendo e detalhou que 130.000 soldados, junto com o contingente policial, garantirão a transparência durante a votação.

Os colombianos poderão votar em 81.925 mesas distribuídas em 11.034 postos de votação em todo o território nacional, dos quais 161 estarão localizados em prisões.

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