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Líder de protestos pró-democracia em Hong Kong é deportado pela Tailândia

Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos da "revolução dos guarda-chuvas", daria uma palestra em Bancoc - Anthony Wallace/AFP
Joshua Wong, um dos rostos mais conhecidos da "revolução dos guarda-chuvas", daria uma palestra em Bancoc Imagem: Anthony Wallace/AFP

Em Bancoc

05/10/2016 06h15

Joshua Wong, o ativista de Hong Kong que liderou os protestos democráticos em 2014, foi deportado nesta quarta-feira (5) da Tailândia, horas depois de ter sido detido durante sua chegada a Bangcoc, informou seu partido político, Demosisto.

Wong, que daria uma palestra amanhã em uma universidade de Bancoc, seguiu em um voo em direção a Hong Kong por volta das 12h (hora local), partindo do Aeroporto de Bangcoc, onde havia chegado na madrugada, afirmou Demosisto, em sua página no Facebook.

O ativista afirmou que, depois de ser detido, a polícia de imigração tailandesa lhe deixou sozinho, sem permitir que se comunicasse com o exterior, além de ter confiscado seu passaporte.

"Após minha chegada ontem à noite em Bancoc, os agentes de alfândegas da Tailândia me detiveram ilegalmente", disse o ativista em mensagem, enviado a um amigo para fosse publicado no Facebook.

Wong explicou que seu passaporte foi confiscado e lhe deixaram sem comunicação com o exterior em uma sala do aeroporto, onde passou "dez horas horríveis", segundo suas palavras, antes de embarcar em um avião de volta para Hong Kong.

O vice-comandante de Imigração no aeroporto de Bancoc, Pruthipong Prayoonsiri, confirmou que a detenção ocorreu após o governo chinês pedir cooperação a Tailândia para prevenir a entrada do ativista no país.

"Em consequência, o escritório de Imigração o colocou na lista negra e o manteve detido para ser deportado. Quando os agentes lhe informaram, Joshua Wong não mostrou nenhuma oposição", declarou Pruthipong.

Até então, as autoridades tailandesas se tinham limitado a fugir das perguntas sem dar uma resposta clara sobre o pedido chinês e a deportação.

As autoridades tailandesas negaram à Agência Efe que tivessem conhecimento da detenção de Wong no aeroporto, enquanto porta-vozes da polícia afirmaram não ter registro da chegada do ativista ao país.

Fontes da polícia de imigração afirmaram para a emissora "Voice TV" que Wong foi indiciado sob acusações de ameaça à segurança do Estado.

Enquanto isso, o estudante tailandês Netiwit Chotipatpaisal, responsável pelo convite a Wong para ir a Bancoc dar uma palestra, denunciou desde o início que a detenção tinha sido realizado após um pedido do governo chinês.

Wong tinha sido convidado para dar uma palestra sobre seu ativismo a favor da democracia, na comemoração do massacre de estudantes da Universidade de Thammasat, que amanhã completa 40 anos.

No dia 6 de outubro de 1976, mais de uma centena de estudantes foram mortos por grupos paramilitares ultramonárquicos e de extrema-direita dias após um protesto contra o retorno ao país de dois ditadores derrubados três anos antes.

Os estudantes ficaram presos no campus da universidade antes dele ser invadido pelos ultras, que mataram dezenas deles e feriram centenas, o que levou muitos outros a juntar-se aos guerrilheiros comunistas ou fugir para o exílio.

Wong foi deportado em maio de 2015 da Malásia, depois que as autoridades locais impediram sua entrada no país para participar de vários fóruns sobre o movimento pro-democrático de Hong Kong e o massacre de Praça da Paz Celestial, ocorrido em 1989, que custou a vida a centenas de pessoas nas mãos das forças de segurança do regime de Pequim.