Topo

EI obriga famílias a ir para Mossul para serem escudos humanos, diz ONU

Membro da força de segurança do Iraque observa fumaça na região de Qayyarah, cerca de 60 km a sul de Mosul - Bulent Kilic/ AFP
Membro da força de segurança do Iraque observa fumaça na região de Qayyarah, cerca de 60 km a sul de Mosul Imagem: Bulent Kilic/ AFP

Em Genebra

21/10/2016 10h02

O grupo jihadista Estado Islâmico (EI) obriga residentes da periferia de Mossul a se transferir para a cidade para utilizá-los como escudos humanos, frente ao avanço das forças governamentais iraquianas que tratam de recuperar o controle da cidade, disse a ONU nesta sexta-feira (21).

O Escritório de Direitos Humanos da ONU verificou informações relacionadas com a mudança de mais de 500 famílias desde duas áreas periféricas, forçadas pelos jihadistas.

"Confirmamos através de distintas fontes que o Estado Islâmico está obrigando as pessoas a deixarem seus lares para ir para Mossul", afirmou a porta-voz Ravina Shamdasani.

Uma vez em Mossul, os civis são localizados "perto dos escritórios do EI e dos lugares onde operam para que lhes sirvam como escudos humanos", enquanto os que estão na cidade são impedidos de sair dela, acrescentou.

A entidade pediu às autoridades iraquianas que façam com que a proteção dos civis seja uma prioridade no plano militar para recuperar o controle de Mossul.

A ONU recomendou que o procedimento para verificar as identidades dos civis que conseguem sair de Mossul, para evitar que entre eles se infiltrem integrantes do EI, esteja exclusivamente em mãos de entidades competentes, como militares e policiais.

Além disso, foram recebidas denúncias sobre a detenção de menores de idade, a partir dos 15 anos, porque teme-se que possam ter sido doutrinados pelo grupo terrorista e sejam capazes de perpetrar algum atentado.

A ONU exigiu às autoridades iraquianas que "se lhes trate como crianças e não como combatentes".

Shamdasani disse também que recebeu informação sobre a recente execução de 40 pessoas pelas mãos de milicianos de EI, mas não há detalhes sobre a identidade das vítimas ou as causas pelas quais teriam sido assassinados.

Neste contexto, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou que o número de deslocados de Mossul ainda é limitado, com 3,9 mil pessoas registradas, as que deixaram a cidade e chegaram a distritos de Al Hamdaniya.

A ONU tem preparados seis acampamentos de deslocados para receber 45 mil pessoas e planeja abrir onze adicionais com uma capacidade total de 120 mil deslocados.