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Jornais citam "revolta" e "terremoto político" após vitória de Trump nos EUA

09/11/2016 16h03

Nova York, 9 nov (EFE).- O "The New York Times" e o "The Wall Street Journal" reagiram nesta quarta-feira em editoriais ao "terremoto político" representado pela "revolta" causada por Donald Trump com a vitória nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.

"Presidente Donald Trump. Três palavras que pareciam impensáveis para dezenas de milhões de americanos - e para grande parte do resto do mundo - se transformaram no futuro dos Estados Unidos", opina o "Times" em seu editorial intitulado "A revolta Trump".

O jornal questiona se Trump saberá desempenhar "funções básicas" do poder Executivo, se conseguirá se concentrar em algum assunto para chegar a uma "conclusão racional" ou entender o que representa ter o controle do maior arsenal nuclear do mundo.

"O que sabemos é que Trump é o presidente eleito menos preparado na história moderna. Sabemos, através de suas palavras e ações, que ele se mostrou temperamentalmente incapacitado para liderar um país diverso de 320 milhões de pessoas. Sabemos que ele ameaçou processar e prender seus oponentes políticos, que poderia reduzir a liberdade de imprensa. Sabemos que ele mente sem escrúpulos", disse o "Times".

O editorial também alerta que, com a chegada de Trump à Casa Branca e o controle republicano do Senado e da Câmara dos Representantes, o presidente eleito poderá designar juízes que restaurarão uma "maioria de direita" na Suprema Corte do país.

Além disso, o "Times" afirma que o surpreendente triunfo do magnata significa um "golpe humilhante" para os veículos de imprensa, para os institutos de pesquisa e para a "liderança democrata dominada por Hillary Clinton".

"A misoginia e o racismo fizeram seu papel nesta ascensão, mas também um desejo de mudança feroz e até ignorado. E essa mudança colocou os Estados Unidos à beira do precipício", concluiu o editorial do "The New York Times".

Já o "The Wall Street Journal" afirma em seu editorial que o "terremoto político" representado pela vitória de Trump se torna o "maior desafio à ordem estabelecida" em quase dois séculos da história do país. Seja "para o bem ou para o mal".

"A pergunta agora é saber se Trump reconhecerá as impressionantes responsabilidades que tem que assumir. Milhões de americanos puseram suas esperanças nele, e adversários como China e Rússia conhecerão em breve o ânimo do novo comandante-em-chefe", acrescenta.

Por outro lado, o "Journal" afirma que as bolsas que desabaram com as notícias de ontem, tal como ocorreu depois do "Brexit", a saída do Reino Unido da União Europeia, se recuperarão se Trump se comportar de forma responsável. Para o jornal, é trabalho de um presidente eleito oferecer "confiança e segurança".

O editorial alerta que um dos primeiros testes de Trump será as escolhas do titular do Departamento do Tesouro e de um novo secretário de Estado. Há dúvidas se ele se cercará de "pessoas inteligentes" ou continuará seguindo os próprios instintos e confiando em um "pequeno grupo de assessores".

"A lição que a classe política deve aprender - e também nos incluímos nessa - é que é preciso respeitar mais o julgamento dos eleitores e a rejeição dos americanos em aceitar uma crise econômica sem lutar", concluiu o "The Wall Street Journal".