Topo

Forças iraquianas mutilaram corpos de jihadistas do EI, denuncia ONG

Integrante das forças de segurança do Iraque passa diante de muro pintado com a bandeira usada por militantes do Estado Islâmico, em Shirqat - Reuters
Integrante das forças de segurança do Iraque passa diante de muro pintado com a bandeira usada por militantes do Estado Islâmico, em Shirqat Imagem: Reuters

No Cairo (Egito)

15/11/2016 08h55

Milicianos e soldados das Forças de Segurança iraquianas, assim como civis, mutilaram os corpos de integrantes do grupo jihadista Estado islâmico (EI) ao sul da cidade de Mossul, denunciou nesta terça-feira (15) a ONG Human Rights Watch (HRW).

Pelo menos cinco corpos sofreram estes abusos no dia 3 de outubro na cidade de Al Qayara, 50 quilômetros ao sul de Mossul, detalhou a organização em comunicado, no qual também denunciou a execução de pelo menos um extremista.

Nesse dia, vários terroristas do EI foram capturados quando tentaram atacar Al Qayara, cujo controle tinham perdido no final de agosto.

Segundo o comunicado, um vídeo mostra um homem com uniforme das Forças Especiais iraquianas que pede um canivete enquanto diz que quer a cabeça do jihadista morto aos seus pés.

Na mesma gravação, milicianos da tribo sunita Maraeid e soldados agarram o corpo de um jihadista, batem e cospem no rosto, enquanto outros tiram fotos com o corpo.

As imagens do campo de batalha também mostram, segundo a organização, a captura de um integrante do EI e como os combatentes pró-governo abrem fogo contra ele de pouca distância.

Em outros vídeos, gravados após o fim da batalha, é possível ver crianças e soldados que batem e arrastam pela rua os corpos de pelo menos dois extremistas, amarrados pelo tornozelo com uma corda.

Além disso, um dos corpos foi decapitado e teve o coração arrancado por um civil que reconheceu o morto como o integrante do EI que matou seu pai e seus três tios. O coração foi entregue à mãe, segundo habitantes de Al Qayara. Outras fotos mostram pelo menos quatro corpos com os órgãos para fora e cobertos de sangue, um deles completamente nu.

A subdiretora da HRW para o Oriente Médio, Lama Fakih, lembrou no comunicado que mutilar os corpos e assassinar os capturados é considerado crime de guerra.

"O governo iraquiano deve controlar suas forças e levá-las à justiça" para evitar a impunidade dos que cometem crimes, acrescentou Fakih.

HRW também pediu às autoridades iraquianas que evitem que grupos com denúncias de sérios abusos, como as milícias Multidão Popular (xiita) e Hashad al Ashari (sunita), participem da batalha de Mossul.

As tropas iraquianas e as curdas peshmergas, às quais se uniu dias depois a Multidão Popular, iniciaram em 17 de outubro a ofensiva militar para expulsar o EI de Mossul e os territórios que o grupo ainda controla na província de Ninawa, no norte do Iraque.