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Terrorista de Berlim usou até 14 identidades na Alemanha, revela investigação

Reuters
Imagem: Reuters

Em Berlim

05/01/2017 12h40

O tunisiano Anis Amri, autor do atentado de 19 de dezembro em Berlim, chegou a usar até 14 identidades distintas na Alemanha, informou nesta quinta-feira (5) o diretor do Escritório de Investigação Criminal do estado da Renânia do Norte-Vestfália, Dieter Schürmann.

Schürmann compareceu junto ao titular regional de Interior, Ralf Jäger, em uma sessão extraordinária da Comissão de Interior do parlamento desse estado federado alemão, no qual o jovem tunisiano tinha oficialmente sua residência e foi monitorado durante meses pelos serviços de inteligência.

Amri, acusado de matar 12 pessoas e ferir mais de 50 após avançar com um caminhão contra as pessoas que estavam em uma feira de rua natalina, tinha sido incluído em fevereiro na lista de pessoas potencialmente perigosas das forças de segurança.

O tunisiano foi monitorado durante meses e seu telefone chegou a ser grampeado entre dezembro de 2015 e maio de 2016.

No entanto, as autoridades regionais e centrais não encontraram indícios concretos que permitissem levá-lo à justiça, assinalou a imprensa local presente à sessão, na qual não foi permitido gravar áudio e imagens.

Diante das crescentes críticas à atuação das distintas forças policiais e dos serviços de inteligência, Jäger defendeu seu trabalho, convencido de que aproveitaram todos os resquícios legais e fizeram o possível para evitar um atentado.

Apesar do acompanhamento "contínuo e próximo" ao qual o jovem foi submetido, não foram encontrados indícios de que ele estivesse preparando um atentado, lembrou o responsável de Interior, que assumiu a necessidade de analisar possíveis decisões e erros, já que o ataque foi cometido por um homem "sobre o qual as forças de segurança de todo o país sabiam muito".

Na comissão se evidenciou que Amri utilizou diversos nomes e nacionalidades para receber prestações sociais em diferentes cidades.

Após seu pedido de asilo ser negado no ano passado, Amri não pôde ser expulso porque faltava documentação de Tunísia, e também não foi detido à espera da deportação porque seria necessário comprovar judicialmente que ele representava um risco concreto.

Jäger qualificou de "não aceitável" a colaboração dos países do Magrebe quando a Alemanha tenta deportar seus nacionais.

A Tunísia se negou durante meses a reconhecer Amri como cidadão tunisiano e os papéis necessários só chegaram à Renânia do Norte-Vestfália dois dias depois do atentado.