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Irã pode sair de acordo nuclear se for prejudicado, diz ministro das Relações Exteriores

14/10/2017 20h58Atualizada em 14/10/2017 22h12

Teerã, 14 out (EFE).- O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohamad Yavad Zarif, disse neste sábado que seu país tem o direito de sair do acordo nuclear caso se veja menos favorecido do que o estipulado em relação à eliminação das sanções econômicas.

"O Estados Unidos violaram em vários casos o acordo, mas esta violação até agora não superou os benefícios do Irã", disse Zarif na emissora oficial iraniana.

"No momento que a República Islâmica sentir que as medidas da outra parte na eliminação das sanções são insuficientes para os seus benefícios, poderá fazer as suas escolhas, e uma delas é a saída do acordo", sublinhou Zarif.

O ministro iraniano esclareceu que, "nós, desde o início, negociamos o pacto com desconfiança e com pessimismo, e por este mesmo motivo o mecanismo da nossa saída está incluído no próprio documento".

Também indicou que o discurso que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez na sexta-feira representava por si só uma violação do Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA, na sigla em inglês).

Zarif explicou que, "ao contrário do que se imagina ou induz Trump, o JCPOA não é um acordo entre o Irã e os EUA para requerer a aprovação do Congresso americano ou para que o Congresso possa perturbá-lo ou o presidente dos EUA possa cancelá-lo".

Nenhum dos assinantes pode acabar com o acordo, pois o mesmo "tem o seu mecanismo e nós não prestamos muita atenção aos regulamentos e os mecanismos internos dos países", esclareceu Zarif, que detalhou que "o importante para o Irã é que os EUA devem estender a eliminação das sanções e respeitar este assunto".

"Se não o fizer, a república Islâmica do Irã tomará uma medida similar e recíproca", disse o ministro.

A medida que o Irã tomará em reação às dos EUA dependerá da decisão da Delegação de Supervisão que revisa o tema dos benefícios que o país obtém do pacto.

Zarif criticou as afirmações de Trump a respeito do Corpo dos Guardiães da Revolução Islâmica e reiterou que este corpo de elite junto ao exército do Irã "são os fiadores da integridade territorial do país e uma honra para a nação iraniana".

O ministro também criticou a venda de grandes quantidades de armas americanas à Arábia Saudita, medida que põe em perigo toda a região, e acrescentou que "a capacidade defensiva e de mísseis do Irã não é negociável".

"Vivemos em uma região em onde há centenas de milhares de dólares em armas americanas, que transformaram esta região em um barril de pólvora", disse Zarif.

Trump ameaçou na sexta-feira abandonar o acordo se não forem corrigidos os seus "defeitos" mediante uma negociação internacional ou uma lei do Congresso americano, e elevou as tensões com Teerã ao sancionar o Corpo dos Guardiães da Revolução Islâmica.

As autoridades iranianas afirmam que o acordo nuclear, assinado após mais de uma década de negociações, não é renegociável e que o pacto será respeitado enquanto houver reciprocidade por parte dos demais assinantes, o grupo 5+1 (EUA, França, Reino Unido, China, Rússia e Alemanha).

O acordo nuclear limita as atividades nucleares do Irã em troca da suspensão das parcial das sanções internacionais contra a República Islâmica.