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Erdogan adverte que poderia intervir militarmente no Chipre como fez na Síria

Murad Sezer/Reuters
Imagem: Murad Sezer/Reuters

Em Ancara

13/02/2018 09h53

O presidente da Turquia, o islamita Recep Tayyip Erdogan, advertiu nesta terça-feira da possibilidade de uma intervenção militar no Chipre e no Mar Egeu para proteger os direitos do seu país na região, da mesma maneira que está fazendo na Síria.

"Nossos direitos no Mar Egeu e no Chipre são para nós o mesmo que Afrin. Nossos navios de guerra e a nossa força aérea estão acompanhando a situação de perto para realizar qualquer tipo de intervenção", alertou Erdogan durante um discurso em Ancara.

Afrin é o enclave no norte da Síria contra o qual a Turquia iniciou uma operação militar no último dia 20 de janeiro para expulsar as milícias curdas YPG, que o governo turco considera terroristas.

Além disso, Erdogan se referiu à tensão com a República do Chipre pelas prospecções de gás que várias empresas europeias estão realizando no Mar Egeu.

A Turquia se opõe a qualquer atividade de extração de hidrocarbonetos nas águas territoriais do Chipre, estipulada unilateralmente pelo governo greco-cipriota, enquanto não se resolva o conflito que mantém a ilha dividida desde 1974.

"Advertimos às empresas que atuam nas águas do Chipre que não cruzem o limite e que não calculem mal confiando nos greco-cipriotas. São valentes até que vejam nosso Exército, nossos navios e aviões", disse o presidente turco.

Erdogan garantiu que o exército turco está atento à situação e denunciou as "oportunistas tentativas de buscar gás natural no litoral do Chipre e nas ilhas do Egeu".

O presidente turco fez estas declarações, transmitidas ao vivo pela emissora "CNNTürk", no parlamento de Ancara durante um discurso perante seu partido, o islamita Justiça e Desenvolvimento, que governa a Turquia desde 2002.

O conflito entre a Turquia e o Chipre pelas jazidas de hidrocarboneto descobertas ao sul da ilha remonta a 2011, quando Nicósia começou a outorgar licenças de exploração, inicialmente a companhias israelenses e americanas.

Hoje, grandes empresas internacionais como a italiana Eni, a francesa Total e a americana Exxon Mobile, além da Qatar Petroleum, estão buscando gás nestas águas, após assinar acordos comerciais com o governo greco-cipriota.