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Governo do Afeganistão anuncia cessar-fogo temporário com talibãs

Rahmat Gul/ AP
Imagem: Rahmat Gul/ AP

Em Cabul

07/06/2018 05h53

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, anunciou nesta quinta-feira (7) um cessar-fogo temporário ofertado aos talibãs, depois que, na última segunda, cerca de 2 mil líderes religiosos afegãos pediram ao grupo insurgente que abandone a guerra "ilegítima" e aceite a oferta de paz do governo.

"As forças de defesa e segurança afegãs só param as operações ofensivas contra os talibãs armados e continuarão atacando o Estado Islâmico e outras organizações terroristas com apoio estrangeiro e seus cúmplices", afirmou Ghani, em mensagem pelo Twitter, após um discurso televisionado.

O presidente afirmou que o cessar-fogo começará na próxima terça-feria e será encerrado no quinto dia do Eid al-Fitr, festividade muçulmana que marca o fim do mês sagrado do Ramadã, que será realizada no dia 19 ou 20, dependendo da posição da lua.

"Este cessar-fogo é uma oportunidade para que os talibãs refletirem sobre sua violenta campanha, que não está conquistando os corações e mentes dos afegãos, mas está alienando-os de sua causa", disse Ghani.

O presidente afegão apresentou a trégua unilateral como a "personificação" do desejo dos afegãos de encontrar uma resolução pacífica para o conflito armado no país.

O anúncio de Ghani, que acontece depois que ele em fevereiro apresentou uma ambiciosa oferta de paz aos talibãs, que incluía seu reconhecimento como partido político ou a libertação de presos, chega após um decreto religioso ou fátua onde pedia aos talibãs que encerrem o conflito.

No decreto, classificado hoje como "histórico" por Ghani, cerca de 2 mil líderes religiosos asseguram que a guerra no Afeganistão é "ilegítima e não tem nenhum tipo de justificativa religiosa".

O Afeganistão permanece em uma situação estagnada de conflito após o final da missão militar da Otan no país, que inicialmente facilitou um avanço militar dos talibãs.

O Estado controla cerca de 56% do território, enquanto os talibãs controlam em torno de 11% segundo fontes americanas.