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Leopoldo López não descarta uma intervenção militar na Venezuela

Sabela Bello e Gonzalo Domínguez

03/05/2019 02h27

A intervenção militar na Venezuela é uma opção que ainda está presente entre a oposição ao governo de Nicolás Maduro, por se tratar de uma alternativa legal que contempla a Constituição, explicou na quinta-feira, em entrevista exclusiva à Agência Efe, o líder do partido Vontade Popular (VP), Leopoldo López.

"Não descartamos nenhum cenário que esteja dentro da Constituição e onde a Constituição preveja que isso é uma possibilidade. Espero que não tenhamos que chegar a esse ponto, mas não descartamos, pois é constitucional, porque a liberdade é a condição para tudo", afirmou López.

Para o líder da oposição, que permaneceu em prisão domiciliar até ser libertado por um grupo de militares e funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) na última terça-feira, os problemas do país não serão resolvidos até que "a liberdade seja conquistada".

"E seremos nós, os venezuelanos, que alcançaremos a cessação à usurpação. Devemos agradecer e reconhecer o apoio que temos recebido da comunidade internacional. O presidente Juan Guaidó foi reconhecido por 58 países. Não houve uma coalizão internacional a favor de uma causa de libertação com tanto apoio internacional desde a Segunda Guerra Mundial", afirmou.

López disse que "não há nada que impeça utilizar as ferramentas legais constitucionais para tentar conseguir a liberdade, pois a liberdade na Venezuela é medida com mortes", já que "a cada dia que passa é um dia onde crianças morrem por desnutrição, pessoas em hospitais, pela insegurança".

Sobre o apoio que a oposição tem entre os militares, ressaltou que grande parte dos representantes das Forças Armadas está do lado dos opositores.

Ele considerou que o momento mais importante para quebrar essas barreiras é o "medo", acredita o opositor, começou a cair na última terça, quando liderou um levante militar ao lado de Juan Guaidó, reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil, como presidente interino da Venezuela.

"Agora, o que temos para derrubar? O medo. O que começou no dia 30 de abril? Começamos a derrubar de uma maneira contundente o temor dos homens e mulheres das Forças Armadas para que tomem as decisões de agir", acrescentou López.

O opositor, garantindo que já "aconteceram várias conversas" com membros destacados do chavismo, cujos nomes não revelou, disse que Maduro está cercado de pessoas em seu "ambiente mais íntimo" que querem que ele "saia do poder".

Apesar de não descartar uma intervenção militar internacional, insistiu que "tem que ser um processo pacífico, sem recorrer à violência, mas que precisa contar com a força do povo e dos militares".

Perguntado sobre a revolta na última terça-feira, ele explicou que o concebeu como "um dia em que tivemos que enviar uma mensagem contundente, é claro, de adesão de autoridades ativas com capacidade de executar ações".

Naquele dia, Guaidó e López, horas depois de ser libertado, lideraram um levante militar que tinha como objetivo desencadear um movimento nos quartéis para derrubar Maduro, que, apesar de não ter grande eco entre os militares, multiplicou os rumores sobre a lealdade ao líder.

"Hoje, Maduro não pode confiar nem em quem lhe serve o café. Ele sabe que em seu próprio entorno querem que ele saia, sabe que seu próprio entorno está conversando conosco em todos os níveis, e ele sabe que tem que fingir que tem o controle", reiterou.

Segundo López, "a ruptura" do governo de Maduro "continuará", assim como a pressão internacional.

E esses dois elementos, juntamente com a pressão popular, "continuarão a se sustentar quando chegar a hora de interromper a usurpação".

López foi preso em 2014 e condenado a 14 anos de prisão, acusado de liderar atos violentos nas passeatas contra o governo que ocorreram naquele ano.

A oposição cumpriu sua sentença por quase três anos em uma prisão militar e o restante permaneceu em prisão domiciliar até sua libertação na terça-feira.

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