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Cristina Kirchner anuncia candidatura à vice-presidência da Argentina

Em Buenos Aires

18/05/2019 10h38

A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (2007-2015), anunciou neste sábado que integrará uma chapa para as próximas eleições de outubro na posição de vice-presidente, com seu ex-chefe de gabinete, Alberto Fernández, como candidato a presidente.

"Estou convencida que esta chapa que propomos é a que melhor expressa o que neste momento a Argentina necessita para convocar os mais amplos setores sociais e políticos e econômicos também, não só para ganhar uma eleição, mas para governar", declarou a atual senadora em vídeo divulgado no Twitter.

O anúncio encerra meses de conjecturas no âmbito político e nos meios de comunicação sobre o futuro político de Cristina e direciona o foco sobre o advogado Alberto Fernández, que foi chefe do seu gabinete de ministros e também de seu marido, o também ex-presidente Néstor Kirchner, entre 2003 e 2008.

Fernández e Cristina participarão na mesma chapa presidencial das chamadas Primárias Abertas Simultâneas e Obrigatórias (PASO), que acontecerão no próximo dia 11 de agosto e nas quais os cidadãos definirão qual de todos os aspirantes a um mesmo cargo que apresenta cada partido será o candidato a participar dos pleitos gerais de outubro.

A ex-governante anunciou sua decisão dizendo estar convencida que "a expectativa e a ambição pessoal têm que estar subordinadas ao interesse geral".

Ex-chefe de gabinete renunciou

O pré-candidato a presidente, que passou vários anos distanciado de Cristina, foi seu chefe de gabinete por poucos meses, até que em julho de 2008 apresentou sua renúncia após a polêmica rejeição no Senado - com o amparo do vice-presidente de então - de um projeto governista que buscava aplicar um novo sistema tributário ao comércio da soja.

Nas últimas semanas, os dois foram vistos novamente em harmonia, tanto que ela declarou que foi ele quem a encorajou a escrever sua bem-sucedida autobiografia, "Sinceramente".

"Conheço há mais de 20 anos"

"Alberto, a quem conheço já há mais de 20 anos e com quem tive também diferenças, foi chefe de gabinete de Néstor durante toda sua presidência e o vi junto a ele, decidir, organizar, concordar e buscar a maior amplitude possível do governo", destaca a senadora no vídeo, editado com imagens históricas.

Segundo lembra, o momento da posse de seu marido, em 2003, com os efeitos da grave crise de 2001 ainda latentes, foram "tempos muito difíceis".

"Mas estes que estamos vivendo os argentinos e as argentinas são realmente dramáticos. Nunca tivemos tantos e tantas dormindo na rua, nunca tantos e tantas com problemas de comida, de trabalho, nunca tantos e tantas desesperados chorando diante de uma conta impagável", comparou.

"É fundamental então evitar somar à frustração atual, produto da fraude eleitoral que facilitou a chegada de Mauricio Macri ao poder, uma nova frustração que submergiria a Argentina no pior dos infernos", completou Cristina.

Parceria com peronismo retomada

Na terça-feira passada, a ex-presidente participou de uma reunião da comissão executiva do Partido Justicialista, histórica legenda peronista, que gerou forte expectativa, uma vez que há anos ela, líder do setor kirchnerista do peronismo, não participava de um conclave da formação fundado pelo ex-presidente Juan Domingo Perón em meados da década de 1940.

Nesse encontro, os participantes reivindicaram a unidade do movimento para derrotar o governo de Macri, cuja imagem nos últimos meses caiu fortemente nas pesquisas devido à crise que vive o país, ao mesmo tempo em que subia a da ex-governante.

A imagem de Cristina, no entanto, gera rejeição em parte do peronismo que ela integra, como, por exemplo, entre o chefe do Bloco Justicialista no Senado, Miguel Ángel Pichetto; o governador de Salta, Juan Manuel Urtubey e o ex-chefe de gabinete, Sergio Massa, que já anunciaram sua intenção de concorrer nas primárias pela corrente Alternativa Federal. EFE

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