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Policiais são suspensos por bater e supostamente urinar em repórter na Índia

Em Nova Délhi

12/06/2019 11h59

Dois policiais foram suspensos nesta hoje por bater, prender e supostamente urinar em um jornalista no estado de Uttar Pradesh, na Índia, dias depois de outro profissional de comunicação ser detido por publicar uma mensagem no Twitter teoricamente crítica ao chefe de governo dessa região.

"Estava informando sobre o descarrilamento de um trem, quando ele (um dos policiais) bateu em minha câmera com a mão, e depois (vários) também me bateram", denunciou o jornalista, Amit Kumar Sharma, em um vídeo divulgado pela emissora de televisão "NDTV".

De acordo com Sharma, a agressão é uma vingança por uma notícia que tinha publicado anteriormente.

O incidente aconteceu na cidade de Shamli na noite de terça-feira e foi registrado em vídeo por colegas de Sharma, uma gravação que se tornou viral no país.

O jornalista, vestido com uma camisa azul no vídeo, é agredido em múltiplas ocasiões por dois policiais à paisana diante do olhar de outros membros das forças de segurança uniformizados.

Em uma segunda gravação, Sharma aparece atrás das grades de uma delegacia.

"Fui enclausurado, despido e urinaram na minha boca", relatou o jornalista em entrevista à agência local "ANI".

Após a repercussão do vídeo e das acusações do jornalista, a polícia de Uttar Pradesh anunciou hoje a suspensão dos autores das humilhações.

"Vimos um vídeo no qual um jornalista é agredido e detido. O diretor-geral da polícia de Uttar Pradesh, O.P. Singh, ordenou a suspensão imediata do delegado Shamli Rakesh Kumar e do agente Sanjay Pawar", informou a polícia regional no Twitter.

O ataque contra um membro da imprensa aconteceu depois da detenção na última sexta-feira de um jornalista, Prashant Kanojia, por uma publicação supostamente ofensiva para o chefe de governo de Uttar Pradesh, Yogi Adityanath.

A detenção de Kanojia e o pedido de 11 dias de prisão preventiva provocaram duras críticas pela deterioração da liberdade de expressão e os ataques à imprensa no país.

O Tribunal Supremo ordenou ontem a libertação imediata do jornalista e classificou a detenção de "excessiva".

A Índia ocupa a 140ª posição no índice de liberdade de imprensa 2019 da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), um posto acima da Argélia e um abaixo do Sudão do Sul.