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Trump descarta negociação com Irã: "Não estão preparados, e nós também não"

Brendan Smialowski/AFP
Imagem: Brendan Smialowski/AFP

13/06/2019 18h04

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descartou nesta quinta-feira uma negociação com o Irã a curto prazo, justificando que as autoridades iranianas "não estão preparadas", depois que o líder supremo Ali Khamenei travou as tentativas do Japão de conseguir uma aproximação com o governo americano.

"Embora aprecie muito que o primeiro-ministro (japonês, Shinzo) Abe tenha ido ao Irã para se reunir com o aiatolá Ali Khamenei, pessoalmente sinto que é cedo demais para pensar sequer em chegar a um acordo. Eles não estão preparados, e nós também não!", escreveu Trump no Twitter.

A mensagem foi publicada enquanto o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, falava com a imprensa e acusava o Irã de estar por trás dos supostos ataques cometidos nesta quinta-feira contra dois cargueiros nas águas do golfo de Omã.

No entanto, Trump não mencionou os ataques aos cargueiros em seu tuíte, que parecia mais uma resposta às declarações de Khamenei. Segundo um comunicado do escritório do líder supremo iraniano, Abe o visitou nesta quinta-feira e disse que queria enviar uma mensagem dele para Trump.

"Não considero Trump uma pessoa com a qual valha a pena trocar nenhuma mensagem e não tenho nenhuma resposta para ele", declarou Khamenei, que, mesmo assim, agradeceu a "boa vontade" de Abe.

O líder supremo iraniano destacou que o Irã já negociou durante anos até assinar com seis potências o acordo nuclear de 2015, do qual os EUA se retiraram unilateralmente no ano passado para voltar a impor sanções a Teerã.

"Que bom senso permitiria mais uma vez as negociações com um Estado que desprezou tudo que foi acordado?", perguntou Khamenei, expressando assim desconfiança em relação a Trump.

Durante sua visita ao Japão no final de maio, Trump mostrou-se disposto a dialogar com o Irã para superar as tensões bilaterais, e abriu a porta para que Abe exercesse um papel de mediador.

Abe passou nesta quinta-feira seu segundo dia em Teerã com esse objetivo, mas a resposta de Khamenei parece ter levado Trump a fechar as portas a esse processo.

A tensão bilateral aumentou desde que os EUA decidiram aumentar sua presença militar no Oriente Médio, reforçar suas sanções contra o Irã e designar os Guardiões da Revolução iranianos como grupo terrorista.

Além disso, ocorreram alguns incidentes no golfo Pérsico que despertaram o alarme, o último deles hoje, quando dois navios foram atacados no mar de Omã.

Uma das embarcações era operada por uma empresa japonesa, razão pela qual o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Yavad Zarif, disse que o incidente era pelo menos "suspeito", já que coincide com a visita de Abe a Teerã.