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Presidente do Paraguai diz que discordava de termos de acordo com o Brasil

11.jun.2018 - Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez - Pedro Ladeira/Folhapress
11.jun.2018 - Presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Em Assunção

06/08/2019 11h54

O presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, disse hoje que após conhecer "ponto a ponto" o acordo energético de Itaipu com o Brasil, ordenou a anulação ao não concordar com os termos do mesmo.

"Não, por isso mandei anular", respondeu o presidente em suas primeiras declarações aos veículos de imprensa após o início dessa crise, ao ser questionado sobre se concordava com a ata de compra de energia da hidrelétrica de Itaipu.

O escândalo provocou a renúncia de cinco funcionários do alto escalão do governo, entre eles o ministro das Relações Exteriores, Luis Alberto Castiglioni, e deu força à oposição, que tenta abrir um processo de impeachment contra Abdo Benítez e o vice-presidente, Hugo Velázquez, ambos do Partido Colorado.

Abdo Benítez relatou que nas primeiras fases da negociação com o Brasil, delegou técnicos e se limitou a assumir "a postura da Chancelaria, que estava fazendo a análise técnica".

"Eu estava simplesmente cumprindo o meu papel como presidente da República, fazendo a função política, e fazia de boa fé, seguindo as recomendações da Chancelaria. Eu não faço uma análise técnica", ressaltou.

O presidente reconheceu que começou a se envolver no debate técnico no dia 28 de julho, quando viu que havia "ambiguidade" no acordo, depois de uma semana turbulenta na qual foi divulgado o conteúdo desse documento, assinado em maio em Brasília e que supunha um aumento de compra de energia de Itaipu.

Neste sentido, Abdo Benítez lembrou que todos os governos anteriores aumentaram a compra de potência de energia da represa, mas que até o momento "nunca foi um tema público".

O presidente explicou que a intenção desse polêmico acordo era cumprir o que foi estabelecido no Tratado de Itaipu de 1973, no qual é especificado que ambas as partes devem apresentar um cronograma de compra para poder se sentar para negociar em 2023, data das renegociações.

Abdo Benítez ressaltou que já foi ordenada uma investigação sobre as possíveis irregularidades na negociação e na assinatura do acordo e pediu que "primeiramente o presidente seja investigado".

"Não quero que me coloquem como juiz. Eu estou sendo acusado de algo que considero absolutamente injusto", apontou.

O acordo com o Brasil foi denunciado pela oposição paraguaia como uma entrega da soberania do país e criticado por seu caráter secreto, já que foi assinado em maio e só foi divulgado no mês passado.