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Reino Unido quer incentivar uso da bicicleta para facilitar volta ao trabalho

09/05/2020 22h07

Londres, 9 mai (EFE).- O governo britânico anunciou neste sábado um investimento de 2 bilhões de libras (R$ 14,23 bilhões) até 2025 para impulsionar a caminhada e a bicicleta para facilitar o retorno ao trabalho após a pandemia do novo coronavírus.

Em entrevista coletiva, o secretário de Estado dos Transportes, Grant Shapps, declarou que o capital será investido na melhoria das vias para ciclistas e estradas públicas e no teste de scooters elétricos, com a intenção de incentivar uma mudança nos hábitos da população a longo prazo.

Shapps alertou que, no início da saída da quarentena, o transporte público não poderá operar em plena capacidade e, mesmo quando o fizer, medidas de distanciamento social significarão que haverá espaço para menos passageiros.

O secretário revelou a estratégia para o transporte um dia antes de o primeiro-ministro, Boris Johnson, detalhar o seu plano para a saída gradual do confinamento imposto em 23 de março.

O próprio Shapps já avisou que vai agir com cautela para evitar um segundo surto da pandemia. "Será um processo gradual, não um simples salto para a liberdade", advertiu.

Os últimos dados oficiais, divulgados hoje, apontam que as mortes por Covid-19 no Reino Unido são de 31.587, 346 delas ocorridas entre ontem e hoje, mantendo o país como o mais atingido pela doença na Europa.

O secretário pediu à população para respeitar o isolamento e ficar em casa até que Johnson divulgar o roteiro, que, segundo a imprensa, poderia autorizar a abertura de centros de jardinagem a partir de quarta-feira e flexibilizar as regras sobre atividades físicas ao ar livre.

Shapps não negou que, como havia sido publicado pelo jornal "The Times", o chefe de governo anunciará também a imposição de uma quarentena de 14 dias a viajantes que cheguem a solo britânico vindos de qualquer país, exceto da vizinha Irlanda.

Ele lembrou que esse tipo de quarentena foi aplicado anteriormente a viajantes de certos lugares de China, Itália, Coreia do Sul e Irã, o que significaria simplesmente prolongar a medida. E disse que, em todo caso, esse isolamento seria mais suscetível de afetar os residentes britânicos que regressam do que os turistas, uma vez que as restrições de viagem permanecem em vigor em muitos países, incluindo o Reino Unido.

Diante da especulação de uma possível reabertura das escolas, os sindicatos de educação advertiram hoje que isso não deve ser feito até que os cientistas garantam que não há risco de propagação do vírus e uma série de requisitos sejam cumpridos para garantir a segurança de funcionários e dos alunos, como a melhoria da limpeza e o fornecimento de equipamentos de proteção pessoal.

Enquanto o plano do governo central para a Inglaterra é aguardado, os poderes independentes na Escócia, no País de Gales e na Irlanda do Norte alertaram que não pretendem alterar significativamente as suas próprias restrições a curto prazo, pois acreditam que fazê-lo seria arriscado.

Assim, o governo galês revelou como únicos pequenos ajustes a partir da próxima segunda-feira que as pessoas podem sair mais de uma vez por dia para fazer exercício e que os centros de jardinagem serão reabertos, desde que a distância pessoal seja respeitada.

Já na Irlanda do Norte, foram prorrogadas na última quinta-feira as medidas introduzidas em março, e o governo advertiu que poderia haver alguma abertura para exercícios, enquanto a Escócia disse que mantém as restrições e avisou que não se deixará pressionar por Londres para suspendê-las antes.

Boris Johnson, que passou dias na UTI infectado pelo vírus SARS-CoV-2, vem prometendo atuar com cautela, mas enfrenta uma pressão crescente do setor empresarial e dos seus próprios eurodeputados para reabrir a economia o mais rapidamente possível. A situação se complicou depois que o Banco da Inglaterra anunciou uma previsão de queda de 14% no Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

Judith Mora.