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Polícia de Nova York terá que divulgar vídeos e áudios de ações

14.jun.2020 - De máscara, manifestante segura cartaz com os dizeres "fazer os racistas terem medo de novo" durante ato em Nova York, nos EUA - Ira L. Black/Corbis via Getty Images
14.jun.2020 - De máscara, manifestante segura cartaz com os dizeres 'fazer os racistas terem medo de novo' durante ato em Nova York, nos EUA Imagem: Ira L. Black/Corbis via Getty Images

16/06/2020 18h54Atualizada em 16/06/2020 19h09

O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, divulgou hoje mais mudanças no Departamento de Polícia, que a partir de agora terá que tornar públicos os vídeos e áudios das câmeras corporais usadas pelos policiais sempre que uma pessoa morrer ou foi encontrada ferida em um acidente.

De Blasio disse que a nova regra para o uso de câmeras entra em vigor de forma imediata e que a polícia terá 30 dias para publicar as imagens. A medida, segundo o prefeito, resultará em transparência e será "crucial" para restabelecer a confiança nesse departamento.

"A fé tem de ser restaurada entre a polícia e a comunidade. O respeito é muito importante entre ambas as partes", disse de Blasio durante sua entrevista coletiva diária.

Os vídeos e áudios devem ser publicados online para que os nova-iorquinos vejam, mas a vítima ou a família devem ser notificadas com antecedência e terão a oportunidade de visualizá-los.

O Departamento de Polícia tem um guia sobre a divulgação desses vídeos e áudios. A nova política anunciada por de Blasio expande as diretrizes. "Quando as pessoas veem esse tipo de transparência, isso cria confiança, há muito mais por vir nas próximas semanas", disse o prefeito.

Em 2014, a polícia de Nova York iniciou um programa piloto para o uso de câmeras de vídeo corporal, como parte de uma iniciativa anunciada naquele ano pelo então presidente Barack Obama, com o objetivo de aumentar a confiança nos agentes após vários incidentes ocorridos no país.

O programa piloto — que foi concluído em 2019 — começou em Nova York após a morte de Eric Garner, um homem negro, durante abordagem policial: um agente branco, na tentativa de prendê-lo, lhe aplicou uma chave de estrangulamento que o impedia de respirar. Novas leis estaduais também tornaram ilegal o uso dessa tática.

O anúncio do prefeito, que ontem passou mal e cancelou todas as atividades públicas, vem depois de o chefe de polícia Dermot Shea ter comunicado que a unidade anticrime será desmontada e que os 600 policiais que a compõem serão transferidos para outras unidades.

O agente Daniel Pantaleo, que assassinou Garner, pertencia a essa unidade. Ele não enfrentou acusações em nível local ou federal, mas foi demitido da polícia em 2019 após um julgamento interno.

"Continuamos ouvindo vozes para avançar e mudar para uma política comunitária. As pessoas precisam ser respeitadas. Há uma necessidade de mudança na polícia. As câmeras corporais são tão poderosas quanto a transparência que as acompanha", afirmou de Blasio, insistindo que "o momento exige mudanças" que, segundo ele, ela serão realizadas levando em conta a segurança da população.

Há anos que as comunidades minoritárias em Nova York vêm exigindo mudanças na polícia. Uma de suas políticas para parar e revistar os nova-iorquinos na rua, que tinha como alvo principal os negros e os latinoamericanos, foi declarada inconstitucional em 2013, após um julgamento no tribunal federal.