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Fernández e Macri trocam farpas sobre combate ao coronavírus na Argentina

18.jan.2020 - Alberto Fernandez recebe a faixa presidencial de Mauricio Macri - Amilcar Orfali/Getty Images
18.jan.2020 - Alberto Fernandez recebe a faixa presidencial de Mauricio Macri Imagem: Amilcar Orfali/Getty Images

25/08/2020 04h11

Buenos Aires, 24 ago (EFE).- O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, e seu antecessor, Mauricio Macri, trocaram acusações ontem sobre o papel do governo na gestão da crise de saúde e econômica devido à pandemia do novo coronavírus.

O contraponto teve origem em declarações feitas no domingo (23) pelo atual presidente, que tomou posse em dezembro do ano passado, a uma emissora de rádio, na qual fez menção a Macri.

"Ele me ligou, e o que recomendou é que não façamos quarentena, que deixemos todas as pessoas na rua, que aqueles que têm que morrer, morram. Ele acredita nisso e age em conformidade. Graças a Deus estou longe disso, porque, para mim, a política é cuidar das pessoas", disse Fernandez.

A resposta de Macri não demorou muito, e ontem o ex-presidente publicou uma mensagem no Facebook na qual admitiu ter falado com Fernández em 19 de março, antes de o governo anunciar a imposição do isolamento social obrigatório devido à pandemia.

Porém, Macri alegou que "a versão que o presidente deu" sobre a conversa é falsa e que "de nenhuma maneira" lhe disse "as coisas que ele contou".

"Quero lembrar ao presidente que nada é mais importante para um líder político —e especialmente para um presidente— do que sua palavra. A credibilidade da palavra do presidente deve ser guardada como um tesouro", declarou Macri, que governou a Argentina de 2015 a 2019.

O ex-presidente, que está na Suíça desde julho, afirmou que a Argentina tem problemas que se tornaram "mais profundos e visíveis" após a pandemia e a quarentena.

Derrotado por Fernández nas eleições presidenciais do ano passado, Macri também disse que está disposto a trabalhar em conjunto para resolver esses problemas, mas pediu "confiança" mútua entre os diferentes setores políticos do país para chegar a um consenso.

"Nestes meses, decidi fazer poucas declarações públicas por respeito ao novo governo e para lhe dar tempo para se estabelecer. Hoje, porém, sou obrigado a esclarecer a verdade sobre essa conversa, porque valorizo minha palavra. Sempre disse a verdade aos argentinos, nos bons e maus momentos, e pretendo continuar da mesma maneira", afirmou.

Fernández também havia questionado Macri, atual presidente executivo da Fundação Fifa, por ter apoiado os protestos nas ruas no dia 17 contra a quarentena e a reforma judicial promovida pelo governo.

Fernández vê economia em recuperação

Ainda ontem, em um evento público, Fernandez insistiu em relação à conversa, embora sem mencionar abertamente Macri.

"Quando algumas pessoas recomendaram que a economia não deveria ser desacelerada e que a sociedade deveria poder desacelerar, que aqueles que têm que cair deveriam cair, que aqueles que têm que adoecer deveriam adoecer, e que aqueles que têm que morrer deveriam morrer, eu preferi, como todos nós, preservar a vida das pessoas em vez de ganhar mais um peso na economia", declarou.

Fernández defendeu seu próprio governo argumentando que a economia, em recessão desde abril de 2018, está mostrando sinais de recuperação.

Com 350.867 casos de coronavírus e 7.366 mortes por covid-19 na Argentina, o presidente do país afirmou que embora o "risco da pandemia não tenha terminado", o país "voltará gradualmente" ao "que se fazia cotidianamente".