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Argentina se aproxima de 10 mil mortes por covid-19 após 6 meses de pandemia

Argentina registrou 9.859 mortes por covid-19 até o momento - Getty Images
Argentina registrou 9.859 mortes por covid-19 até o momento Imagem: Getty Images

08/09/2020 00h52

A Argentina se aproxima das 10 mil mortes por covid-19 após quase seis meses de um rigoroso confinamento, em um momento marcado pelo medo de um colapso do sistema de saúde em várias partes do país e pela polêmica abertura de terraços ao ar livre em Buenos Aires, apesar da alta incidência de infecções diárias.

De acordo a contagem independente da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, a Argentina já está em 10º lugar no número de afetados, com 478.792 infectados - dos quais 357.388 já se recuperaram - e em 17º com relação aos número de mortes, que são 9.859.

Embora a Área Metropolitana de Buenos Aires (AMBA), que inclui a capital e seus arredores e reúne quase 14 milhões de pessoas, tenha sido responsável por mais de 90% dos casos durante os primeiros meses da pandemia, agora esse número está abaixo dos 60%, devido à disseminação do vírus no resto do país.

"Muitas províncias estão registrando um número significativo de casos", reconheceu hoje, a secretária de Acesso à Saúde, Carla Vizzotti, durante o relatório diário da situação.

Segundo a secretária, existem 18 províncias com transmissão comunitária do novo coronavírus, e até ao momento não foi interrompida.

"Reforçamos mais uma vez as medidas de cuidado e prevenção, e o importante papel individual do impacto coletivo de seguir as recomendações", acrescentou.

Quase seis meses de restrição

Tendo em conta a propagação da infecção que começou a ocorrer na Argentina naquela ocasião, em 20 de março o governo de Alberto Fernández decretou uma rigorosa quarentena de duas semanas, que foi prolongada até a data de hoje com diferentes graus de flexibilidade dependendo da situação epidemiológica de cada distrito.

Ao longo deste tempo, progressivamente, as ruas têm refletido o cansaço da população com as medidas e ocorreram várias manifestações contra a quarentena, em um país que está em recessão há mais de dois anos e no qual o governo teve de fazer um forte desembolso em termos de ajuda social para aliviar os efeitos da paralisia da economia.

A mais recente prorrogação das restrições - que em geral não obrigam mais o confinamento, mas limitam as reuniões sociais e os voos domésticos e internacionais, entre outras medidas - teve início em 31 de agosto, momento em que, apesar de ter arrastado quase seis meses de medidas, as infecções e o número de fatalidades continuaram subir.

A polêmica de Buenos Aires

Na cidade de Buenos Aires, governada por Horacio Rodríguez Larreta - opositor de Fernández e também pelo governador peronista da província de Buenos Aires, Axel Kicillof - acrescentou a novidade de permitir a atividade gastronômica - que até agora só podia vender produtos para retirar na loja ou delivery - seja servida em mesas de rua, com protocolos de segurança.

"É muito importante compreender que estamos trabalhando há seis meses neste esforço coletivo e há muitas pessoas que não podem mais apoiar as políticas de quarentena originais", disse o ministro da Saúde argentino, Fernán Quirós.

As imagens do último fim de semana de pessoas lotando os terraços dos bares da capital, aumentaram o atrito entre o governo argentino e o partido no poder na província de Buenos Aires, que critica a decisão de abrir este serviço em meio à crise.

"Acreditamos que fazer isso é aumentar a circulação, que é aumentar o número de casos em um momento em que há muitos casos e a curva não diminui", disse o secretário da Saúde da província, Daniel Gollán.

Somente no último sábado, 12 espaços gastronômicos em diferentes bairros da capital foram fechados: um por vender bebidas alcoólicas para levar para viagem a partir das 20h; dois para festas no interior das dependências e nove por terem mesas e cadeiras nas calçadas fora do horário permitido, que é até meia-noite.

Quirós lamentou o grande número de pessoas reunidas, mas lembrou que a mesma coisa aconteceu quando há várias semanas foi dada a permissão para a atividade física individual.

"Inicialmente não eram boas imagens, mas depois aprendemos a fazer, propusemos novamente aos cidadãos que, como já há pessoas que não cumpriam e as infecções estavam aumentando em locais fechados, propor levar essa realidade para o espaço aberto, um espaço mais seguro", acrescentou ele, esclarecendo que a cidade conseguiu "achatar a curva" dos casos há oito semanas.