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Casa Branca ordenou manipular informações sobre Rússia para não ofender Trump

Brian Murphy era encarregado das informações de inteligência no Departamento de Segurança Nacional; nesta semana, ele revelou as alterações em uma queixa tornada pública ontem pelo comitê de inteligência da Câmara dos Deputados - Brendan Smialowski / AFP
Brian Murphy era encarregado das informações de inteligência no Departamento de Segurança Nacional; nesta semana, ele revelou as alterações em uma queixa tornada pública ontem pelo comitê de inteligência da Câmara dos Deputados Imagem: Brendan Smialowski / AFP

Da EFE, em Washington (EUA)

10/09/2020 13h05

Um ex-funcionário do alto escalão do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos declarou que foi pressionado pela Casa Branca a manipular informações sobre a suposta interferência da Rússia nas eleições deste ano para não ofender o presidente americano, Donald Trump.

O denunciante é Brian Murphy, que até recentemente estava encarregado das informações de inteligência no Departamento de Segurança Nacional e que nesta semana revelou as alterações em uma queixa tornada pública ontem pelo comitê de inteligência da Câmara dos Deputados.

Em uma carta formal, Murphy declarou que, em meados de maio deste ano, o secretário interino de Segurança Nacional, Chad Wolf, ordenou que ele parasse de reunir informações sobre a ameaça que Moscou poderia representar para os EUA e começasse a escrever relatórios sobre as atividades da China e do Irã.

De acordo com o ex-funcionário, Wolf deixou claro que essas eram ordens do conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Robert O'Brien. Além disso, em março deste ano, Murphy recebeu ordem para emendar um relatório que destacava a ameaça dos supremacistas brancos e foi solicitado a minimizar sua importância, bem como a incluir informações sobre supostos grandes grupos violentos de esquerda.

Nesse caso, a diretriz foi emitida pelo diretor dos Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), Ken Cuccinelli, que serve como um segundo homem-forte para o Departamento de Segurança Nacional.

Tanto Cuccinelli quanto Wolf argumentaram que os relatórios deveriam ser modificados para garantir que estivessem de acordo com os comentários de Trump, que acusou o movimento anarquista AntiFa de estar por trás das manifestações antirracistas que abalaram as principais cidades do país nos últimos meses.

A Casa Branca e o Departamento de Segurança Nacional negaram as acusações de Murphy. Durante sua presidência, Trump se recusou a acreditar que Moscou interferiu nas eleições de 2016, algo que os serviços de inteligência americanos investigaram e Moscou nega.