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Argentina e Espanha defendem quebra de patentes para vacinas contra covid-19

Alberto Fernández e Pedro Sánchez também defenderam, em entrevista coletiva, o aumento da capacidade de produção local das vacinas - Fernando Zhiminaicela/ Pixabay
Alberto Fernández e Pedro Sánchez também defenderam, em entrevista coletiva, o aumento da capacidade de produção local das vacinas Imagem: Fernando Zhiminaicela/ Pixabay

09/06/2021 22h35

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, e o chefe do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, defenderam nesta quarta-feira a liberalização do patenteamento das vacinas contra a covid-19 por serem consideradas um "bem público global", o que aceleraria a sua distribuição em todo o mundo.

"Do ponto de vista multilateral, Argentina e Espanha defendem a liberalização das vacinas, que sejam consideradas um bem público global e que consequentemente sua distribuição seja agilizada", disse Sánchez em entrevista coletiva com Fernández durante visita oficial a Buenos Aires.

O presidente do Governo espanhol também apelou para um aumento da capacidade de produção de doses para toda a humanidade "poder vacinar o mais rapidamente possível" e assim todas as sociedades possam superar definitivamente a pandemia.

"Vemos com grande preocupação que 90% das vacinas produzidas estão nas mãos de 10% dos países e isso nos parece uma grande iniquidade", acrescentou Fernández.

Ajudar a América Latina

O presidente argentino valorizou o "enorme esforço" de seu país em passar a produzir a vacina russa Sputnik V e também avançar com a possibilidade de fazer o mesmo com a chinesa Sinopharm, como já foi feito - em conjunto com o México -, com a vacina AstraZeneca.

Com esta produção local, Fernández destacou que é possível colaborar para que a América Latina "tenha acesso o mais rápido possível às vacinas que hoje faltam", e anunciou que conversou com Sánchez sobre a opção de procurar produtores europeus que tragam a possibilidade de contratar vacinas.

"O que precisamos é de um compromisso para que a vacina seja um bem global e a tecnologia possa ser transferida para diferentes países para que a produção seja aumentada e acelerada e possa chegar a todos os habitantes do planeta", acrescentou, após ter avaliado o fato da Europa ter doado 50% de suas vacinas para o mecanismo Covax, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Sánchez explicou que a Espanha já anunciou a doação de mais de 20 milhões de vacinas em 2021 e que "em particular" quer enviá-las ao "continente irmão" latino-americano.

Políticas semelhantes

Pedro Sanchéz destacou a "fraternidade e amizade" e o "apoio político" entre os dois governos, que tiveram de aplicar "medidas muito difíceis" para enfrentar a pandemia, como restrições à mobilidade e confinamento.

Quando questionado sobre o fato de que os vacinados com a Sputnik V - principal vacina administrada na Argentina, mas que ainda não autorização na Europa -, Sánchez disse que "embora não sejam vacinas homologadas no continente europeu", são "vacinas" e, portanto, "não deve ser um obstáculo à mobilidade entre os continentes".

Reunião de negócios

A entrevista coletiva destacou o bom relacionamento bilateral e o interesse das empresas espanholas em investir na Argentina, pouco depois que os mandatários terem participado de um Fórum Empresarial que contou também com a presença de representantes empresariais dos dois países.

"É um momento magnífico para pensar na Argentina, porque temos dois governos que estão em perfeita sintonia", disse o presidente argentino, que tem a Espanha como seu segundo investidor.

"Para nós, a América Latina é uma área de preferência absoluta e, em particular, nações como a Argentina", acrescentou Sánchez, que durante a visita reiterou mais uma vez o apoio da Espanha às negociações da Argentina para resolver seus problemas de dívida externa.

Os dois líderes também se referiram ao acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), que já foi assinado, mas ainda não entrou em vigor.

"Gostaríamos que este acordo comercial se concretizasse o mais rápido possível. Entendemos as reservas e objeções que o governo argentino e alguns governos da UE possam ter neste caso, mas se superarmos esses obstáculos, e acredito que todos teremos vontade de poder ultrapassar, acredito que podemos estreitar os laços e aumentar as possibilidades de desenvolvimento de nossos países", disse Sánchez.

"Todos temos vocação para chegar a um acordo, o segredo é resolver as assimetrias que existem", acrescentou Fernández.