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'Não é hora de criar disputas', diz Fernández sobre crise na Argentina

Alberto Fernández, presidente da Argentina - Gonzalo Fuentes/Reuters
Alberto Fernández, presidente da Argentina Imagem: Gonzalo Fuentes/Reuters

16/09/2021 21h19

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, disse nesta quinta-feira, em meio à crise aberta no governo depois que diversos ministros da ala kirchnerista colocaram os cargos à disposição, que a coalizão de governo deve "agir com toda a responsabilidade" e que "não é hora de criar disputas".

"A coalizão governamental deve ouvir a mensagem das urnas e agir de forma responsável. Devemos fazer isso para assegurar que as necessidades do nosso povo sejam satisfeitas", disse no Twitter o presidente, que chegou ao poder depois de vencer o ex-presidente Mauricio Macri nas eleições presidenciais de 2019.

No domingo passado, o governo sofreu uma dura derrota nas eleições primárias, nas quais os cidadãos tiveram de escolher seus pré-candidatos a deputados e senadores para as eleições legislativas de 14 de Novembro. As propostas da coalizão de Macri receberam mais votos do que as do partido governista na maioria das províncias.

"Tenho ouvido o meu povo. A arrogância não se aninha em mim. O governo continuará a se desenvolver da forma que eu achar conveniente. Foi para isso que fui eleito. Sempre vou querer a união entre argentinos. Temos de dar respostas que honrem o compromisso assumido em dezembro de 2019 perante a sociedade. Este não é o momento de criar disputas que nos desviem desse caminho", acrescentou o presidente na rede social.

Ministros Kirchneristas

Na quarta-feira, apenas três dias após a derrota e de acordo com fontes oficiais, o ministro do Interior, Eduardo de Pedro, e pelo menos quatro outros ministros, todos membros da ala kirchnerista do governo, liderados pela ex-mandatária e atual vice-presidente, Cristina Fernández, colocaram os cargos à disposição do presidente.

No meio desta situação, que alimentou inúmeros rumores na imprensa sobre a disputa de poder entre kirchneristas e albertistas, e sem que o presidente tenha até feito qualquer pronunciamento sobre se aceitará as demissões, o chefe de Estado recebeu apoio público de várias autoridades.

"Estou grato pelo apoio dos governadores, prefeitos, líderes do movimento operário e cidadãos neste momento", acrescentou nesta quinta-feira, dia em que várias organizações sociais organizaram uma manifestação em apoio ao governo, que acabou sendo cancelada.

"Aprecio o gesto das organizações sociais e de todos aqueles que demonstraram o seu afeto por mim, organizando uma manifestação em meu apoio. Mesmo assim, prefiro que toda a força que uma mobilização desta magnitude implica seja canalizada para a construção da epopeia militante que ajudará os argentinos a desvendarem o dilema que enfrentamos em novembro", observou Fernández.

"Unidade" do partido no poder

De olho nas eleições, nas quais metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado serão renovados, o presidente insistiu que "existem dois modelos concorrentes no país".

"Aquele que não acredita no trabalho e na produção e só promove a especulação financeira e aquele que acredita que com uma produção forte recuperaremos a dignidade do trabalho para todos", analisou.

"Vou continuar a garantir a unidade da Frente de Todos com base no respeito que nos devemos uns aos outros. Nossa única obsessão é promover a prosperidade dos homens e mulheres do nosso país", declarou o presidente.