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No Chile, 1,3 mil menores de 18 anos tiveram direitos violados em protestos

Na imagem: manifestante em protesto por justiça para um adolescente ferido após ser jogado de uma ponte - Cristobal Vogel/Agência Anadolu via Getty Images
Na imagem: manifestante em protesto por justiça para um adolescente ferido após ser jogado de uma ponte Imagem: Cristobal Vogel/Agência Anadolu via Getty Images

Em Santiago (Chile)

19/10/2021 07h18Atualizada em 19/10/2021 07h22

Um relatório da Defensoria da Infância do Chile ontem indicou que 1.314 menores de 18 anos sofreram violações de direitos humanos durante os protestos que ocorreram no país no fim de outubro de 2019.

O documento foi elaborado a partir de dados do Ministério Público chileno. Dois anos depois da convulsão social no país, o relatório da Defensoria da Infância apontou os Carabineros, a polícia militar do Chile, como concentrando a maior parte dos delitos, concentrando 83% dos casos.

Segundo o informe, 83,2% dos menores afetados pela quebra de direitos durante as manifestações tinham de 14 a 17 anos, sendo vítimas, principalmente, de abordagens ilegais (72% dos casos), abusos contra particulares (17%), tortura e tratamento degradante (5%).

Segundo a Defensoria da Infância, durante os protestos, 35 menores foram diagnosticados com algum trauma ocular.

Apenas 1% dos agentes acusados de cometerem infrações foram acusados formalmente, enquanto 5% dos casos tem um responsável identificado pelas autoridades.

"A falta de verdade, justiça e reparação para as vítimas de violações dos direitos humanos não é algo que afeta apenas profundamente as vidas delas, em participar, é algo que vai minando toda a sociedade e que, como país, não podemos permitir", afirmou Patricia Muñoz, integrante da Defensoria.

"Quisemos revelar uma vez mais a situação dos mais de 1 mil meninos, meninas e adolescentes que foram vítimas no contexto da convulsão social e denunciar o abandono e desproteção por parte do Estado em que se encontram", completou a ativista.

Os protestos de outubro de 2019 contra o modelo neoliberal adotado pelo Estado chileno, foram os mais intensos desde o fim da ditadura militar de Augusto Pinochet. Nos atos, mais de 30 pessoas morreram e milhares ficaram feridas.

Organizações como a Human Rights Watch e a AI (Anistia Internacional) denunciaram diversas violações aos direitos humanos cometidas por agentes do Estado, especialmente pelas forças policiais.

De acordo com dados do Ministério Público do Chile e do Instituto Nacional de Direitos Humanos complicados pela AI, até março deste ano, são contabilizadas mais de 8 mil vítimas de violência e mais de 400 casos de traumas oculares resultantes da ação policial.