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Presidente da Colômbia diz que não reconhecerá 'ditadura ultrajante' na Venezuela

7.ago.2019 - O presidente da Colômbia, Iván Duque - Presidência da Colômbia/Divulgação/Reuters
7.ago.2019 - O presidente da Colômbia, Iván Duque Imagem: Presidência da Colômbia/Divulgação/Reuters

Da EFE

21/10/2021 02h11Atualizada em 21/10/2021 07h29

O presidente da Colômbia, Iván Duque, reiterou nesta quarta-feira que seu governo não vai reconhecer uma "ditadura ultrajante" como a da Venezuela, em resposta à iniciativa do Senado colombiano de criar uma comissão legislativa bilateral para buscar a normalização das relações com aquele país.

"Uma coisa que não podemos nos enganar é que a Colômbia não vai reconhecer uma ditadura ultrajante, corrupta, narcotraficante", disse Duque ao lado do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, que chegou hoje a Bogotá para uma visita oficial.

Segundo Duque, reconhecer o governo de Nicolás Maduro, com o qual a Colômbia não mantém relações diplomáticas desde fevereiro de 2019, "seria uma rendição dos valores que nosso país tem defendido historicamente".

O Senado colombiano aprovou na terça-feira, por unanimidade, uma proposta que busca uma aproximação diplomática e comercial com a Venezuela, apresentada pelo senador Jorge Guevara, do partido Aliança Verde. A decisão foi comunicada hoje ao presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez.

Esta aproximação tomaria a forma da criação de uma comissão bilateral para trabalhar na "normalização das relações diplomáticas, das relações comerciais e da verificação das boas práticas comerciais" entre as duas nações.

O presidente do Senado colombiano, Juan David Gómez, disse hoje que a proposta, que foi bem recebida por Rodríguez e Maduro, é uma mensagem ao governo de Duque sobre a necessidade de avançar no restabelecimento das relações, "porque esta é uma questão que não tem ideologia política, é uma questão comercial que eu diria que é uma questão de país de fronteira".

Democracia primeiro

No entanto, Duque criticou a proposta ao apontar que as relações internacionais são tratadas pelo Poder Executivo, e não pelo Legislativo, e no que lhe diz respeito, não haverá aproximação com o governo Maduro.

"Enquanto eu for o presidente da Colômbia e em defesa da carta democrática (interamericana) e em defesa dos valores que construímos com muitos países, também apoiados por uma queixa contra o ditador perante o Tribunal Penal Internacional, não o reconheceremos", enfatizou.

O presidente colombiano lembrou que Maduro rompeu relações com a Colômbia em fevereiro de 2019, mas os laços já haviam caído a um patamar mínimo muito antes, durante o mandato de seu antecessor, Juan Manuel Santos.

"É importante ter em mente que, quando nosso governo começou (7 de agosto de 2018), estávamos sem um embaixador em Caracas há dois anos, ou quase dois anos, e o governo que me precedeu também declarou publicamente que não reconheceria os resultados das eleições fraudulentas com as quais o ditador pretendia se perpetuar no poder", disse.

A ruptura definitiva ocorreu em 23 de fevereiro de 2019, depois que o líder opositor venezuelano Juan Guaidó tentou entrar em seu país natal vindo da cidade colombiana de Cúcuta e à frente de uma caravana de veículos com ajuda humanitária. O episódio terminou em cenas de violência na fronteira.

"A Colômbia reconheceu, assim como o governo americano e mais de 50 países, um governo interino que representou a resistência democrática, que resistiu à brutalidade daquele regime", acrescentou Duque em referência a Guaidó.

Ele ressaltou ainda que, apesar das diferenças com o governo Maduro, a Colômbia é solidária com o povo venezuelano.

"A posição da Colômbia com a Venezuela é a posição da fraternidade; o gesto mais importante da política migratória em nível global que talvez tenhamos visto na história recente do continente é aquele que tivemos com o povo venezuelano recebendo cerca de 1,8 milhão de migrantes que estão deixando a mais brutal das ditaduras", afirmou.