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Grupo examinou contas do PCC após ataques de 2006; Justiça rejeita denúncia

Por Josmar Jozino

23/11/2019 04h02

Resumo da notícia

  • Poder público investigou finanças do PCC após ataques de 2006 em SP
  • Justiça rejeitou em 2017 denúncia do MPE-SP, que apontou nomes e cifras
  • Trabalho de investigação durou 12 anos e chegou a considerar 56 nomes

Durou longos 12 anos e terminou em fracasso a primeira e principal investigação sobre lavagem de dinheiro e ocultação de valores envolvendo líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).

Após uma década de exaustivos trabalhos de investigação realizados por uma força-tarefa dos Ministérios Públicos Estadual e Federal, Receita Federal, Polícias Civil e Federal, a Justiça de São Paulo não aceitou a denúncia oferecida contra os acusados.

As apurações tiveram início em setembro de 2006, quatro meses depois dos ataques de maio, quando o PCC paralisou São Paulo, matando dezenas de agentes públicos e se rebelando em 74 unidades prisionais do estado.

A resposta das forças de segurança foi sangrenta: 564 pessoas foram mortas no episódio que acabou conhecido como Crimes de Maio.

Os trabalhos foram realizados pelo DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania), da Polícia Civil, e coordenados pelo GEDEC (Grupo Especial de Delitos Econômicos), do Ministério Público Estadual (Leia aqui íntegra da denúncia do MP).

A princípio foram investigadas 56 pessoas e, segundo relatórios do antigo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), elas movimentaram, juntas, R$ 3.179.690,00 em 342 contas bancárias nos anos de 2005 e 2006.

Em julho de 2010, quase quatro anos após o início das investigações, o número de suspeitos caiu de 56 para 40 pessoas. Porém, em 7 de novembro de 2016, apenas quatro pessoas foram denunciadas à Justiça pelo crime de lavagem de dinheiro. Até hoje ninguém foi punido.

Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marco Willians, o Marcola Imagem: Arquivo/Ponte Jornalismo

As contas do irmão de Marcola

Um dos denunciados é Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, irmão de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC.

Documentos do Coaf revelam que Júnior abriu uma conta bancária com o nome falso de Paulo Cezar Albuquerque de Souza e movimentou R$ 504 mil entre 2002 a abril de 2006.

Movimentação financeira de Alejandro Camacho Junior, irmão de Marcola Imagem: Reprodução
Nesse período ele ainda se encontrava foragido. Entretanto, até maio de 2006, um mês após a sua prisão, ainda foram efetuados saques e depósitos bancários na conta dele.

Júnior tinha, com nome falso, ficha de identificação civil do Instituto Ricardo Gumbleton Daunt, departamento da Polícia Civil responsável pelas emissões de carteira de identidade em São Paulo.

Outro líder do PCC também denunciado é Paulo Felipe Esteban Gonzalez, o Teco-Teco. Ele coordenou a movimentação de R$ 636.817,00 em uma conta bancária.

A conta foi aberta em nome de seu ex-vizinho, Paulo Thiago Ribeiro da Silva. A movimentação bancária ocorreu entre 1º de junho de 2005 a 25 de maio de 2006.

Em depoimento à Polícia Civil, Paulo Thiago disse que Teco-Teco "pediu sua conta corrente emprestada e ele aceitou, recebendo em troca a quantia de R$ 1 mil por mês no período de um ano".

A mulher de Paulo Thiago, Débora Vacarim dos Santos, também foi denunciada à Justiça.

Júnior e Teco-Teco foram ouvidos pela Polícia Civil quando estavam presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e negaram a movimentação de dinheiro em conta bancária.

Em 7 de agosto de 2017, a Justiça rejeitou a denúncia feita pelo GEDEC contra os quatro acusados "por ausência de justa causa". O Ministério Público recorreu da decisão.

Documento falso usado por Alejandro, irmão de Marcola Imagem: Reprodução
Novas investigações

Há rumores no MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo de que uma nova investigação sobre lavagem de dinheiro envolvendo o PCC está em andamento.

O MPE tem informações de que filhos de presos da alta cúpula da facção estão vivendo há alguns anos em Londres e na Ilha de Malta, cidades na Europa, e ainda na Austrália.

As informações sugerem que mulheres de líderes do PCC moram em casas de luxo em bairros ricos da capital e também na região metropolitana de São Paulo.

Já os presos da cúpula da organização são suspeitos de lavar dinheiro arrecadado com o tráfico de drogas investindo em postos de combustíveis e concessionárias de veículos, e adquirindo ônibus e vans para atuar no transporte coletivo.

Os principais líderes da facção criminosa foram transferidos em fevereiro deste ano para presídios federais.

Leia aqui a reportagem original da Ponte Jornalismo.

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