Convocação de eleições na Grécia pode gerar impasse

Por George Georgiopoulos e Dina Kyriakidou

ATENAS, 11 Abr (Reuters) - A Grécia convocou nesta quarta-feira eleições gerais para 6 de maio, dando início a uma campanha que pode não produzir um claro vencedor e colocando em risco a execução do plano de resgate que se propõe a evitar a falência do país.

O primeiro-ministro grego, Lucas Papademos, anunciou a data do pleito após se reunir com o presidente grego, Karolos Papoulias, e com seu gabinete interino, que o premiê disse ter finalizado o trabalho ao assegurar o plano de resgate e a reestruturação da dívida principal no mês passado.

"A Grécia está no meio de um caminho difícil", afirmou Papademos em pronunciamento à nação na TV. "As escolhas que fazemos não apenas determinarão o governo a ser formado depois da eleição, mas o curso da Grécia nas próximas décadas", completou.

O premiê, um ex-banqueiro chamado no ano passado a ocupar o posto atual com o colapso do governo socialista, disse a seus ministros esperar que um novo Parlamento, que deve aprovar uma série de duras reformas para assegurar pagamentos sob o plano de resgate, já se reúna em 17 de maio.

"Os últimos meses provaram que com o desafio de grandes problemas e riscos enormes podemos cooperar e superar nossas diferenças", afirmou.

Mas as primeiras eleições desde a crise da dívida, que começou em 2009 e arrastou o país a sua pior recessão desde a Segunda Guerra, balançando o euro, podem ser seguidas por negociações prolongadas por coalizões.

Os conservadores do partido Nova Democracia e os socialistas da legenda PASOK, que deram suporte no Parlamento ao governo de Papademos, perderam apoio popular ao endossar o plano de resgate, e podem não obter votos suficientes para formar uma nova coalizão.

Pesquisas de opinião mostram que partidos pequenos que se opõem aos cortes salariais e de pensão impostos pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de ajuda financeira ao país estão ganhando terreno.

Uma insatisfação popular com os ajustes tem lotado as ruas nos últimos dois anos em protestos que, não raro, acabam em violência.

Líderes partidários já deram início à campanha de forma não-oficial, com o conservador Antonis Samaras dizendo a seus partidários no fim de semana que aumentaria os vencimentos e criaria empregos.

"A Grécia está agora na pior condição em que já esteve durante tempos de paz", afirmou Samaras nesta quarta. "O povo grego terá a chance de determinar seu futuro nesta eleição."

Pesquisas recentes mostram que o Nova Democracia ficaria com 18 a 25 por cento dos votos, à frente do PASOK, que teria de 11 a 16 por cento -a preferência relativa fica bem atrás dos 43,9 por cento obtidos pelos socialistas na eleição de outubro de 2009, antes da crise.

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