Sudão do Sul acusa Sudão de novos bombardeios; China pede calma
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Goran Tomasevic / Reuters
BENTIU, Sudão do Sul, 24 Abr (Reuters) - O Sudão do Sul acusou o Sudão na terça-feira de empreender novos bombardeios aéreos em um de seus estados que é grande produtor de petróleo, em uma nova escalada de tensões que trouxeram os dois países próximos de uma guerra declarada.
O porta-voz do exército sudanês, Al-Sawarmi Khalid, negou que a Força Aérea tenha bombardeado qualquer lugar dentro do Sudão do Sul, que se tornou independente em julho.
Já o porta-voz do Exército do Sudão do Sul, Philip Aguer, afirmou que uma aeronave Antonov sudanesa havia ingressado até 40 quilômetros dentro de seu território para lançar bombas nos povoados de Teschween, Panakuach e Roliaq. "Nós não temos um cessar-fogo com Cartum (capital do Sudão). Cartum está declarando guerra dia a dia", disse.
O presidente da China, Hu Jintao, pediu calma às duas partes depois que o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, que está em visita oficial a Pequim, declarou que seu vizinho do norte havia declarado guerra contra seu país. A China tem investimentos no setor petrolífero das duas nações.
Um repórter da Reuters em Bentiu, capital do Estado sul sudanês da Unidade, situada a cerca de 80 quilômetros da controversa a mal sinalizada fronteira com o Sudão, disse ter ouvido bombardeio pesado a distância e também viu sinalizadores disparados para o ar durante toda a noite.
"Ontem ao entardecer e ontem à noite houve intenso bombardeio por aviões Antonov do Exército sudanês nas áreas do mercado de Lalop e Panakuach", afirmou o governador do Estado de Unidade, Taban Gai Deng, aos repórteres.
Na segunda-feira, moradores e autoridades disseram que aviões de guerra sudaneses bombardearam um mercado em Bentiu, matando pelo menos duas pessoas, um ataque que o Exército do Sul chamou de declaração de guerra.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o ataque e pediu ao Sudão que interrompa "todas as hostilidades imediatamente".
O Sudão do Sul tornou-se independente no ano passado sob um acordo de paz de 2005 que encerrou a guerra civil. Mas ambos os lados estão em desacordo sobre a marcação da fronteira, a propriedade dos territórios ricos em minérios e sobre quanto o Sudão do Sul deve pagar para exportar seu petróleo através do Sudão.
O conflito quase parou toda a produção de petróleo, que é essencial para ambas as economias.
O Sudão do Sul anunciou na sexta-feira a sua retirada do disputado campo de petróleo de Heglig, do qual se havia apossado no início deste mês, curvando-se às exigências do Conselho de Segurança da ONU.
(Reportagem de Hereward Holland, em Bentiu e Yara Bayoumy, em Juba)