Esquerdistas gregos recusam-se a participar de coalizão conservadora

Em Atenas

O líder do partido da esquerda-radical da Grécia, Alexis Tsipras, recusou-se a participar da coalizão com os conservadores que venceram a eleição de domingo, dizendo que o partido Syriza será uma força poderosa da oposição.

Tsipras, que ficou em segundo lugar na eleição, fez campanha contra o resgate grego, que é apoiado pelos conservadores da Nova Democracia.

"O papel de uma oposição forte e responsável ... é intervir de forma vigorosa e isso é o que eu garanto ao senhor Samaras que faremos", disse Tsipras a repórteres após participar de encontro com seu contraparte conservador, Antonis Samaras.

União nacional

O partido de direita Nova Democracia venceu as eleições legislativas no domingo (17) na Grécia e propôs um "governo de união nacional" para sair da crise econômica e manter o país na zona do euro.

O líder da Nova Democracia, Antonis Samaras, pediu a "todas as forças políticas que se unam em torno do objetivo de manter o país no euro (...) formando um governo de união nacional". A Grécia "não pode perder mais um minuto".

O chefe da esquerda radical, Alexis Tsipras, admitiu a derrota e negou a participação do seu grupo no eventual governo de união nacional. "Telefonei a Samaras para lhe cumprimentar, ele pode formar um governo", disse Tsipras, cujo partido chegou na segunda posição neste domingo. "Vamos ficar na oposição e representar a maioria do povo contra o memorando" de rigor fiscal imposto por UE-FMI.

Já o líder dos socialistas do Pasok, Evangélos Vénizélos, condicionou a participação do seu partido em um governo de união nacional a uma presença ampla da esquerda, incluindo os radicais de Tsipras.

"Um governo de responsabilidade nacional supõe a participação de todas as forças da esquerda", incluindo os radicais do Syriza.

Votos e cadeiras

Após a apuração de 85% das urnas, os conservadores da Nova Democracia obtinham 29,96% dos votos, garantindo 130 das 300 cadeiras do Parlamento. A esquerda radical no partido Syriza chegava na segunda posição, com 26,65% e 71 cadeiras, e os socialistas do Pasok apareciam em terceiro, com 12,46% dos votos e 33 cadeiras.

A diferença entre o percentual de votos e o número de cadeiras se deve ao fato de que a Constituição grega atribui 50 cadeiras suplementares ao partido vencedor das eleições.

As eleições deste domingo foram polarizadas entre a Nova Democracia, sob a promessa de "sair da crise, mas não do euro", e a esquerda radical, que exige a renegociação do pacto de austeridade, após defender seu abandono total.

Relações exteriores

Até o momento, o governo alemão se manteve inflexível sobre o programa de reformas negociado por Atenas com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca do socorro financeiro, tanto em relação ao conteúdo quanto aos prazos decretados.

A chanceler alemã, Angela Merkel, telefonou para Antonis Samaras para cumprimentá-lo "pelo bom resultado nas eleições (...) e declarou que parte do princípio de que a Grécia respeitará seus compromissos europeus", informou um comunicado do serviço de imprensa em Berlim.

Os presidentes da UE e da Comissão Europeia, Herman Van Rompuy e José Manuel Barroso, esperam "a rápida formação de um novo governo na Grécia" que coloque o país no caminho do crescimento e cumpra com o plano de austeridade acertado com Bruxelas.


O Fundo Monetário Internacional (FMI) assinalou sua disposição de trabalhar com o novo governo grego para "ajudar a Grécia a atingir seu objetivo de restaurar a estabilidade financeira, o crescimento econômico e o emprego".

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, destacou a vitória de Samaras e disse que o presidente americano, Barack Obama, acredita que é do interesse do todos que a Grécia permaneça na zona do euro.

 

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