Ao CNJ, juiz disse que deixa caso Cachoeira por "cansaço", mas confirma ameaças
A corregedora nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, disse nesta quarta-feira que o juiz Paulo Augusto Moreira Lima, que comandou as investigações sobre a atuação de Carlinhos Cachoeira em Goiás, deixou o posto a pedido alegando que estava "cansado" e temia pela sua família, que teria recebido inclusive uma ameaça velada.
"Ele não sai por medo", disse Eliana após a reunião no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo a ministra, o magistrado disse que recebeu todo o apoio que precisava para atuar no caso, mas argumentou que depois de 14 meses de investigação tinha preocupação com a saúde e com a família.
Lima deixou o comando das investigações da operação Monte Carlo, que apura o envolvimento de Carlinhos Cachoeira na exploração de jogos ilegais. No Congresso, uma CPI mista investiga a relação de Cachoeira com agentes públicos e privados.
O corregedor do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF1), desembargador Carlos Olavo, também reafirmou que o juiz tinha o apoio de segurança solicitado e que até mesmo abriu mão da escolta ostensiva da Polícia Federal entre março e abril.
"Ele não está se sentindo desconfortável. Mas tem sentimento de ameaças veladas", contou o desembargador.
Lima não falou com os jornalistas e será removido para a 12a vara de justiça de Goiás e não tratará de matérias criminais a seu pedido.
No ofício encaminhado ao TRF1, no dia 13 de junho, ele argumenta que a família foi procurada por policiais goianos "em nítida violência velada" e que havia informações de "crimes de homicídio provavelmente praticados a mando por réus do processo pertinente a operação Monte Carlo", o que aumentava o risco para ele comandar as investigações.
Para o lugar de Lima, o TRF1 designou o juiz federal Alderico Rocha Santos para cuidar do processo que investiga Cachoeira.