A realeza da Tailândia perdoou e soltou nesta quarta-feira (11) um cidadão americano condenado a dois anos e meio de prisão pelo crime de lesa-majestade. O caso rendeu ao país asiático raras críticas dos EUA, tradicionalmente um aliado da Tailândia. 

Nascido tailandês, Lerpong Wichaikhammat, 55, que nos EUA usa o nome de Joe Gordon, se declarou culpado de usar seu blog hospedado nos EUA para divulgar informação que insultava a monarquia.

Seu crime foi traduzir e postar em seu blog material de um livro banido no país, sobre o rei  Bhumibol Adulyadej, 84, o monarca há mais tempo no poder do mundo. Em casos assim, a admissão de culpa ajuda a diminuir o tempo de prisão. 

A embaixada dos EUA no país não soube dizer se Lerpong retornaria a solo americano.

A soltura de Lerpong acontece dois meses após a morte de um tailandês na cadeia. Amphon Tangnoppaku, que cumpria uma pena de 20 anos, foi acusado de enviar mensagens de celular consideradas ameaçadoras e desrespeitosas à rainha Sirikit. Amphon negava as acusações. 

Silêncio e repressão

O episódio ilustra quão draconianas são as leis do país, que virtualmente impede e efetivamente veta críticas ao monarca. Considerado um semideus por muitos no país budista, o rei está há quase três anos no hospital. Ainda assim, sua sucessão é um assunto espinhoso e que não se discute abertamente. 

Grupos de direitos humanos esperavam que a premiê da Tailândia, Yingluck Shinawatra, eleito em 2011, reformasse a lei e abrandasse os crimes de lesa-majestade. A explicação para a hesitação da premiê, segundo analistas, é o receio de que a oposição use um movimento seu neste sentido para acusá-la de ser desleal à coroa e a afaste do cargo.