Gurgel diz que não pedirá impedimento de Toffoli no mensalão

Em Brasília

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse nesta quinta-feira que não pedirá o impedimento ou suspeição do ministro José Antonio Dias Toffoli para julgar o processo do chamado mensalão, uma vez que ele trabalhou com José Dirceu, um dos réus.

O ministro participou da discussão da proposta de desmembramento do processo, feita pela defesa de um dos réus, e votou contra. Toffoli, no entanto, ainda pode declarar-se impedido de participar do julgamento, que teve início nesta quinta-feira.

Gurgel disse que, se fizesse o pedido de impedimento, o julgamento poderia sofrer um novo atraso.

"Na medida em que fizesse essa menção, nós teríamos, de imediato, a suspensão do julgamento. E, dessa suspensão, poderia decorrer até à inviabilização de que esse julgamento acontecesse num prazo, num horizonte de tempo razoável", disse Gurgel a jornalistas após o encerramento da sessão.

"Da minha parte, realmente, a oportunidade que eu teria para suscitar a questão seria hoje e optei por não fazer", disse.

Havia expectativa se Toffoli se declararia impedido para julgar o caso, já que ele trabalhou no PT e foi assessor da Casa Civil da Presidência da República quando Dirceu, um dos réus do processo, era ministro.

Além disso, a namorada de Toffoli, que é advogada, já defendeu um outro réu no processo, o ex-deputado Professor Luizinho.

Gurgel deveria ter apresentado sua argumentação oral nesta quinta-feira, mas as discussões sobre o pedido de desmembramento do processo atrasaram o primeiro dia do julgamento. A participação do procurador foi adiada para sexta-feira, quando estava previsto o início da defesa dos 38 réus.

Perguntado se o Toffoli deveria se declarar impedido, Gurgel disse que "essa é uma questão do ministro".

O STF iniciou julgamento do processo do caso que ficou conhecido como mensalão, um suposto esquema que funcionaria com o desvio de recursos públicos que seriam usados para a compra de apoio entre parlamentares da base governista no Congresso, segundo denúncia da Procuradoria-Geral da República.

O caso, que veio à tona há sete anos, detonou a maior crise política do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

(Reportagem de Hugo Bachega e Ana Flor)

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