Brasil está preocupado em reduzir custo de produzir no país, diz Dilma

12 Dez (Reuters) - O governo está buscando alternativas para reduzir o custo de se produzir no Brasil e quer desburocratizar a economia brasileira para aumentar a competitividade do país, disse nesta quarta-feira a presidente Dilma Rousseff, na França.

Dilma também destacou, em discurso no seminário empresarial Desafios e Oportunidades de uma Parceria Estratégica, em Paris, que o Brasil tem adotado ações na área de infraestrutura para superar gargalos ao desenvolvimento, investindo em ferrovias, portos e aeroportos.

"Estamos tendo uma grande preocupação em reduzir o custo que significa produzir no Brasil, mas não é o custo Brasil tradicional, nós queremos é competitividade", disse Dilma na sede do Movimento de Empresas da França.

"É completamente diferente daquela época que olhavam para nós e falavam: 'o custo do Brasil é porque a dívida soberana do Brasil está 2.153 pontos acima do que pagam as norte-americanas'. Isso não é nosso problema mais. Ninguém que tem 378 bilhões de dólares (em reservas) tem esse tipo de problema."

Algumas medidas recentes adotadas pelo governo incluem a desonoreção da folha de pagamento para diversos setores da economia, a redução da tarifa de energia elétrica a partir de 2013 e o processo de queda da taxa de juros para a mínima histórica de 7,25 por cento ao ano.

"São medidas que dizem respeito à forma pela qual nós queremos que a nossa economia seja, nós queremos uma economia flexível, capaz de gerar inovação, capaz de junto com a sua sociedade gerar ciência e tecnologia para o país", disse Dilma.

"Nós queremos uma economia desburoctratizada, e estamos empenhados em resolver também os gargalos históricos na nossa infraestrutura, gargalos que advém de 20 anos de políticas exclusivas de austeridade."

Dilma citou a queda nas taxas de juros e a redução da valorização do real como fatores positivos para a redução do custo de investimento, o que significa que o país não está tendo uma "canibalização" da indústria nacional.

"Nós consideramos que a indústria, junto com o investimento em infraestrutura, são os elementos estratégicos para que o Brasil mude seu patamar e se torne cada vez mais uma economia que possa de fato dobrar a sua renda per capita num horizonte de até 20 anos", afirmou a presidente, que destacou o objetivo do Brasil de se tornar um "país de classe média".

A economia brasileira frustrou as expectativas do governo e do mercado ao crescer apenas 0,6 por cento no terceiro trimestre ante o trimestre imediatamente anterior.

COPA E OLIMPÍADA

No discurso em que ressaltou todas as medidas que o país vem tomando para enfrentar a crise e crescer de maneira sustentável, a presidente expressou o interesse do Brasil em reforçar os laços comerciais entre os dois países e disse que os investimento recíprocos precisam ser intensificados.

"O Brasil não vai ser só um exportador de commodities. Nós vamos continuar sendo exportador de commodities, porque exportar commodities no mundo de hoje é algo muito importante, nós seremos sempre uma potência alimentar, uma potência mineral, e queremos também ser uma potência na área de manufatura", disse.

A presidente reiterou suas críticas à austeridade fiscal como melhor forma de enfrentar a crise econômica e defendeu a combinação de cortes de gastos com medidas de incentivo ao crescimento econômico.

Dilma, que disse que o Brasil está fazendo a sua parte para combater a crise internacional, afirmou ainda que o governo também quer garantir a participação dos investidores privados no país.

A presidente colocou a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 como boas oportunidades para investimentos no Brasil, e também destacou a importância de fortalecer o setor turístico. Segundo Dilma, há planos para a construção de pelo menos 800 aeroportos regionais espalhados pelo país.

"Pretendemos ter um programa de aeroportos regionais mais fortes, temos recursos para isso, originários até da outorga dos grandes aeroportos. Mas não só isso, nós pretendemos também que haja o aparecimento e o fortalecimento de uma aviação regional no Brasil, diferente da aviação de longo alcance."

(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)

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