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Dependentes do turismo egípcio estão satisfeitos com queda de Mursi

14/07/2013 13h07

Por Noah Browning

GIZÉ, Egito, 14 Jul (Reuters) - É possível que, hoje em dia, possa haver mais múmias do que turistas no Museu Egípcio do Cairo e poucas pegadas na areia ao redor das pirâmides.

As visitas às maravilhas do Egito são escassas, pouco mais de uma semana depois que os militares depuseram o primeiro líder eleito livremente e a violência mortal nas ruas sacudiu a capital, tornando a vida mais difícil para os milhões de egípcios que dependem do turismo.

Mas, para aqueles que sobrevivem graças aos visitantes, há sinais de esperança. Eles estão felizes de ver o presidente deposto, Mohammed Mursi, pelas costas, acreditando que seu governo islamista teria acabado com o turismo.

"Estou sorrindo de orelha a orelha, embora jamais tenhamos visto um desastre tão prejudicial aos nossos negócios antes", disse Mohammed Khodar, na frente de sua perfumaria, um dos poucos negócios ao redor das pirâmides que não fechou.

"Com o governo de Mursi, os preços subiram, havia violência e os turistas foram para resorts de veraneio e não vieram para cá. Queremos uma democracia que possa ajudar o turismo, não um governo religioso", ele disse.

Antes da revolta de 2011 que derrubou o veterano autocrata Hosni Mubarak, o turismo valia mais de 10 por cento da produção econômica do Egito. Em 2010, 14,7 milhões de visitantes vieram e geraram 12,5 bilhões de dólares.

O governo de Mursi aumentou os impostos sobre o álcool em dezembro, mas recuou depois que a mudança foi criticada pelo setor turístico e pelos liberais.

A nomeação de um membro de um ex-grupo militante radical como governador de Luxor, local dos maiores templos faraônicos do país, levou muitos a questionar se o governo estava comprometido com a sua ideologia, em detrimento ao desenvolvimento.

"Sentimos este desprezo em relação aos nossos sítios arqueológicos em sua retórica, de que eles, de alguma forma, representam o paganismo", disse Ahmed El-Khadem, ex-presidente da Autoridade Egípcia de Turismo.

El-Khadem diz que, embora a instabilidade atual tenha afugentado os turistas do Cairo, o Exército fez bem ao intervir na política e expulsar os islamistas.

"Como você pode culpar o médico por salvar a vida do paciente?", ele perguntou. "Dói agora, mas vai melhorar."

Já Mursi e os membros da ala política da sua Irmandade Muçulmana disseram que estavam comprometidos em manter um ambiente acolhedor para o turismo e melhorar a indústria.

No primeiro trimestre de 2013, cerca de três milhões de turistas visitaram o Egito, um aumento de 14,6 por cento em relação ao mesmo período no ano passado, disse, em maio, o ministro do Turismo nomeado pelo governo deposto, Hisham Zaazou.